sábado, 31 de março de 2012

Smiths em plena juvenília

Morrissey canta That Joke Isn´t Funny Anymore
Um show inteiro do Smiths em Madri, 1985. Santo youtube. A dica veio via twitter pelo Marcelo Costa, do Scream & Yell. Levei um susto, uma hora e 20 de plena juvenilia com Morrissey, Johnny Marr, Andy Rourke e Mike Joyce – e tai a formação da banda que sempre perguntam. O repertório dos sonhos começa com William, It Was Really Nothing e lá no finalzinho, This Charming Man, passando por Nowhere Fast, Heaven Knows I´m Miserable now, How Soon is Now, Meat is Murder, That Joke Isn´t Funny Anymore… são 18 smith´s songs. E com platéia imensa em estado de graça.

Vou atrás de detalhes do show e os encontro num livro (The Smiths) do espanhol Luis Troquel. A mini turnê na Espanha incluía três shows, mas o de San Sebastian acabou cancelado em cima da hora e a banda tocou em Barcelona e Madri, shows quase idênticos, conta Troquel. A diferença é que o de Madri coincidiu com as festas de San Izidro e os Smiths foram a principal atração dos concertos gratuitos organizados pela prefeitura e levaram 200 mil pessoas ao Paseo de Camoens no dia 18 de maio de 1985. Abaixo, o link. É showzaço.



segunda-feira, 26 de março de 2012

De ruas, jardins e moradores de rua

Paulista quase Consolação, já noitinha. De volta para casa sou parado por uma travesti que me pede um cigarro. Acendo o cigarro para ela, que me enche de agradecimentos e sigo meu caminho, mas com ela no pensamento. Bem nova (não mais que 20), quase bonita e com sinais de quem anda morando nas ruas e não há muito tempo.

“Concentração de morador de rua “assusta” bairro nobre”: de repente me vem a matéria do jornal de domingo,  a Folha. É sobre a tentativa da Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) dos Jardins de acabar com um centro de convivência ali na Rebouças quase alameda Jaú – pertinho de onde estou e de minha casa. A aglomeração de moradores de rua em busca de refeições e banho na Ong aterroriza alguns moradores, como Sergio de Rose, dono de uma escola de Yoga por ali (a De Rose). Mas que pensamento torto o desse educador, penso. Sim, há também vozes de moradores contrários na reportagem.

Será que eles vão conseguir? Bom, não faz muito tempo uma associação de moradores dos jardins conseguiu exterminar a vida noturna que por ali existia, fechando bares e locais para dançar pelas bandas da alameda Itu que eram tomadas por jovens em busca de diversão e sem muito dinheiro no bolso. A zona gay por excelência da cidade virou passado e migrou pro outro lado da Augusta, uma zona “menos nobre”. Atualmente dá medo andar por aquelas ruas quase desertas que abrigam uns pubs meio metidos frequentados por gente mais endinheirada.

Impossível pensar em morador de rua e não lembrar de Renato Rocha, o baixista do Legião Urbana que perambula pelas ruas do Rio de Janeiro. A TV mostrou a via crucis do cara, numa espécie de Reality, meio A Fazenda sem glamour algum. O olhar do cara, o jeito perdidão de ser em seu corpo, fala e gestos: de assombrar. Doida vida, as escolhas, o escambau. Num texto sobre o assunto em seu blog, Nina Lemos vai direto ao ponto: “Tenho medo de virar o Renato Rocha um dia. E quem não tem?”.

Tenho uma amiga (quase a mesma idade e perfil profissional) que enlouquece mansamente na cidade, perdida em suas paranóias e faz muito tempo. Amigos fizeram de tudo para ajudá-la, mas quem disse que conseguiram. Pelo que sei, ainda não mora na rua, mas não me surpreenderia se alguém me dissesse que está lá.

“Viver é foda, morrer é difícil”, lembro da canção do Legiao Urbana (Vamos Fazer um Filme) que volta e meia me pego cantando. E me vem outra, essa da Amy Winehouse: Help Yourself, a que mais me toca entre todas dela. ~~ I Cant´t Help you if you won´t help yourself, I Cant´t Help you if you won´t help yourself~~  Repetindo o refrão chego em casa, quase rezando pra que aquele jovem travesti não se descaminhe nessa cidade tão dura que é São Paulo.

Link para o blog de Nina Lemos: "O Abandono de Renato Rocha da Legião, o sensacionalismo e a tristeza"

http://blogs.estadao.com.br/nina-lemos/145/


link para a matéria de Afonso Benites na Folha






domingo, 25 de março de 2012

Fim de tarde outonal

Gosto de observar a mudança de estações e percebo a troca de guarda pela luz que bate na casa. Tenho um xodó pelo outono que já dá as caras. Hoje, domingão, quando o sol começava a se despedir fui aguar as plantas e, para minha surpresa, tinha uma florida nova no pedaço. É uma alta que mora aqui faz uns dois anos e está na primeira floração. Essa altona é muito da especial.

Há alguns anos tive a honra de escrever um livro sobre Cleyde Yaconis. Chama-se Dama Discreta, saiu em 2004, na primeira leva da Coleção Aplauso, da Imprensa Oficial. Volta e meia lembro das tardes de entrevistas na casa de Cleyde, repleta de árvores e flores. E foi ela quem me deu essa altona que hoje flore. Fiquei impressionado diante da beleza daquela flor, uma cachopa lilás, lá no todo daquelas folhas verdes largas e brilhantes. A dona da casa arrancou um galho e me deu, lembrando que essa espécie não costumava pegar com mudas, mas... Não lembrava o nome e numa próxima visita me deu um papelzinho com eles anotados – Diocrisandra, Gengibre Azul ou Canela de Macaco.

Sob o impacto da primeira visão daquela flor em busca de luz em uma das janelas do apartamento num bruto contraste com o concreto do prédio liguei na hora para lhe contar a novidade. A senhora que é íntima das plantas adorou a novidade e ficamos ali de papo diante da Diocrisandra, toda florida, toda izibida no fim de tarde outonal.


E o livro Dama Discreta pode ser lido online, nesse link aqui embaixo
http://aplauso.imprensaoficial.com.br/livro-interna.php?iEdicaoID=48

sexta-feira, 16 de março de 2012

Susan Sontag por Annie Leibovitz


Comprei a revista (Esquire espanhola) ao acaso, só pela capa que me chamou a atenção: uma mulher de meia idade com a mão cobrindo o rosto sem botox, um só olho exposto. Só soube que era Annie Leibovitz quando abri a revista em casa e vi as quatro páginas com a fotógrafa nascida em 1949. É uma matéria curta, em primeira pessoa e me chamou a atenção as partes em que ela fala de Susan Sontag. Já li bastante a respeito das duas e assisti ao incrível A Vida Através das Lentes, documentário sobre Leibovitz, mas ali na revista, de maneira simples,direta e tocante, Annie Leibovitz responde questões que sempre quis saber sobre o relacionamento das duas. Abaixo, essa parte do depoimento, traduzida do espanhol. Ah, tem uma coisa: não morro sem ser fotografado por Annie Leibovitz. O cenário já está escolhido: uma escada vermelha, externa num enorme prédio paulistano e Annie ainda não sabe disso. Por favor, não conte pra ela. 

Gostaria de ver meu trabalho mais íntimo nas revistas, coisas como as fotos de minha família ou as fotos de Susan no hospital. Infelizmente é impossível nesse mundo em que vivemos e, embora sei que seja um pouco hipócrita, é uma das razões porque não me identifico em absoluto com tudo o que vejo nas revistas hoje em dia.
Quando conheci Susan (Sontag, sua companheira desde 1990 até a morte da escritora em 2004) era a pessoa adequada para mim no momento adequado. Seu brilho e auto cobrança um ajudaram a dar um passo em frente e tirar o melhor de mim mesma. É algo que nunca poderei lhe agradecer o bastante.
A palavra mais apropriada para o que eu sentia por ela é... amiga. Não é que queira me esconder, e ainda que amantes me pareça uma palavra preciosa, só tento ser sincera com meus sentimentos.
Susan nunca acreditou que fosse sério a coisa de ser mão, acredito que de algum modo me queria só para ela. Quando decidi ter Sarah (sua primeira filha, nascida em 2001) foi uma decisão individual, não conjunta. Ela me apoiou e a queria muito, mas não foi sua decisão.
O que mais me dói na morte de Susan é não ter estado junto com ela quando aconteceu. Quando me despedi, a vi muito mal, mas ela era uma lutadora nata e eu tinha que ir ver meu pai (ele morreu poucas semanas depois de câncer no pulmão), assim que nunca pensei que fosse nossa despedida. E, sem dúvida, foi um momento tão bonito como simples: ambas nos demos um beijo e nos dissemos que nos queríamos, apenas isso. No dia seguinte pela manhã estava no aeroporto e o filho dela me chamou para dizer que havia falecido. Voltei ao hospital  e me encontrei com tudo intocado para que eu pudesse despedir-me, mas em vez disso, a única coisa que me ocorreu foi pegar a câmera e fotografá-la. Suponho que em situações assim a gente se agarra ao que melhor conhece para não enlouquecer. E a verdade é que me alegro de haver feito aquelas fotos, me ajudaram muito a superar sua perda quando me atrevi a vê-las depois.




quinta-feira, 8 de março de 2012

Cazuza, Renato Russo e Morrissey

É meio a minha santíssima trindade. A minha e de uma multidão. Praticamente a mesma idade, nascidos no final dos anos 50, crianças demais pras revoluções dos 60 e até para ser hippie de primeira hora no começo da década seguinte. Quando os anos 80 chegaram, o trio de vinte e pouquíssimos anos soltou as feras, os demônios, os anjos, os bichos todos. A partir daí é história, está em discos que parecem melhores a cada vez que se ouve. Morrissey está fazendo shows por aqui. Cazuza e Renato, penso eu, estariam (estarão?) na platéia, aplaudindo a maneira coerente como o cara do The Smiths vem se conduzindo por esses anos todos. E todos eles cinquentões.


Quem quer brincar de boneca? Texto de Vange Leonel

O filme Barbie está por todo lado. E de tanto ouvir falar em boneca, me lembrei de um texto de Vange Leonel sobre elas e fui até grrrls - Ga...