Gosto de imaginar uma cidade e ficar pirando nela. Sempre uma das tantas que meus pés nunca pisaram. Penso agora em Tânger, encravada entre o paraíso e o estreito de Gibraltar, que já me encanta pelo nome misterioso. O próximo passo é acionar o google mental, apenas o mental. Pronto: a referência um é Bob Dylan, em If You See Her Say Hello, um amor que acabou e alguém deve estar em “Tangier”. É de cortar o coração. Renato Russo regravou lindamente essa, apenas trocando o “her” do título por “him”.Próxima parada: Paul Bowles, um escritor pra se apaixonar – comigo isso aconteceu. Na autobiografia Tantos Caminhos, ele conta como descobriu a cidade nos anos 40. Um de seus livros mais famosos, O Céu Que Nos Protege mostra os descaminhos de um atormentado casal pelo deserto. Bertolucci o filmou lindamente com participação luxuosa de Bowles. Eu vejo, vejo de novo, vejo mais uma vez e fico cada vez mais enlouquecido com a história e com Tânger, onde Paul Bowles morreu com quase 88 anos, em 1999.
Pra mim, o céu que nos protege, que título mais lindo, só pode ser o de Tânger. Agora, abandono o google da memória e vou pro virtual atrás de imagens da cidade que me encanta, com os versos de Dylan nos ouvidos “... she might be in Tangier”... “i know every scene by heart”.
