sábado, 11 de dezembro de 2021

Jorge Amado fala de Lina Wertmuller e Tieta, o filme que ela quase dirigiu

O encontro de Jorge Amado e Lina Wertmuller em 1981, foto da revista Manchete

Desde a morte de Lina Wertmuller, a imagem dela com Jorge Amado e Tieta, o filme dela abortado, não me sai da cabeça. Agora fui ao Navegação de Cabotagem, de Jorge Amado - "Apontamentos para um livro de memórias que jamais escreverei". E Jorge escreve sobre no capítulo "Montreux 1988. A Máfia".

Aqui, um trecho:

"Lina Wertmuller chegou à Pedra do Sal pela mão de Bini*, Zélia e eu a recebemos de braços abertos. Ela trazia pronto o roteiro adaptado de meu romance, pela primeira vez Lina ia filmar história alheia, até então somente rodara argumento seu. Mostrou-me o manuscrito, colocou-o sobre a estante: "Quero que leias e me digas". Lina ia partir em viagem, o sertão da Bahia, o estado de Sergipe, as cidades de Aracaju e de Estância, à praia de Mangue Seco, ia ver os locais, tratar com a gente, "encher-se de Brasil", assim me disse e acreditei. Agradeci e recusei o convite para acompanhá-la no teco-teco alugado por Bini para sobrevoar campos, praias e povoados à baixa altura. Quanto ao roteiro, adiei a leitura para a volta de Lina, sei quanto é falsa e deformada a visão que os intelectuais europeus fazem do Brasil, conhecem de ouvir dizer, em geral de ouvir dizer ideológico, maniqueísta.

De retorno dias depois, ao entrar na sala, Lina me perguntou?
- Leste o cenário?

Disse que não o havia lido, estava onde ela o pusera, na estante. Respirou aliviada: "Ainda bem que não o leste, não tem o que se aproveite, o Brasil não é nada do que escrevi". Nada do que ela havia ouvido e imaginado, do que pusera em sua história, era diferente; por vezes o oposto. Ali mesmo rasgou as páginas do roteiro: "Vou escrever outro, agora sei, irás gostar", me disse. Assim aconteceu, o novo cenário recriava o Brasil com os olhos e o talento de Lina. Pena a falência do Banco Ambrosiano, liquidou o projeto às Vésperas de se iniciarem as filmagens de Tieta."

*Alfredo Bini, "meu velho cúmplice de cinema e farsa"


segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Um garoto visita Clarice Lispector em Anos de Chumbo

Há um conto, o sexto dos oito de Anos de Chumbo, chamado "Para Clarice Lispector, com Candura" - com candura, palavra linda - e nele o protagonista é um poeta, doido pela escritora, que deixa seus manuscritos na portaria dela e depois é recebido. É Chico Buarque contando sua visita a Clarice quando foi entrevistado por ela? É e não é, é também, é literatura. O poeta da ficção é universitário, tem 19 anos, Chico tinha 24, já era famoso (e Clarice tinha 47 anos). O personagem é universitário, filho de uma pintora e professora de artes (Maria Jansen) que dá lições pra Clarice, o Chico de então estudava teoria musical com Vilma Graça, conta Clarice no abre da entrevista. 

Não quero adiantar a trama, bem inventiva, e que chega até os dias de hoje. O que interessa aqui é a entrevista de Clarice com Chico Buarque, publicada na Manchete em 14 de setembro de 1968. Já saiu em livros, mas nunca vi com a reprodução da página e isso de ver como saiu, pra mim, é fundamental. E tem fotografia do Chico de então. 

 Ah, é de quando Clarice escrevia Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres, o livro que começa com vírgula e acaba com dois pontos e é praticamente personagem do conto - e uma das perguntas que Chico responde também: "O que é amor?" 

Um trechinho da introdução de Clarice na entrevista: "Ele não é de modo algum um garoto, mas se existisse no reino animal um bicho, pensativo e belo e sempre jovem que se chamasse Garoto, Francisco Buarque de Holanda seria da raça montanhesa dos garotos"

domingo, 31 de outubro de 2021

Uma canção do Chico para cada conto do livro de Chico

O plano era ler um por dia pra durarem mais os oito contos de Anos de Chumbo, o livro de Chico Buarque. Acabei lendo todos em umas três deitadas, E enquanto lia pensava em uma música de Chico para cada conto. É mais por sensações do que pelas histórias neles (às vezes também pelas histórias). Eis a lista.

1. Meu Tio - O Casamento dos Pequenos Burgueses

2. O Passaporte - Cantando no Toró (pelo "grande artista", quem lê entende)

3. Cida - Minha História

4. Os Primos de Campos - Maninha

5. Copacabana - Anos Dourados

6. Para Clarice Lispector, com Candura - Ludo Real

7. O Sítio - Bancarrota Blues

8. Anos de Chumbo - Hino de Duran


segunda-feira, 3 de maio de 2021

Clementina por Hermínio: Quase uma biografia

 

                                                                MPB

Fotos: Frederico Mendes, revista Cruzeiro, 1971

Logo após a morte de Clementina de Jesus, em 19 de julho de 1987, Hermínio Bello de Carvalho distribuiu um manifesto pra imprensa. Aqui, como foi publicado na revista Amiga (e com chamada de capa: "O desabafo de um poeta na morte de Clementina de Jesus) no começo de agosto daquele ano. Hermínio fala da desconsideração com que ela foi tratada no fim da vida por rádios e gravadoras. O texto apareceu dia desses e vale como uma biografia de Clementina de Jesus. Abaixo:

      

Morte de Clementina de Jesus provoca o desabafo de seu descobridor

Por Hermínio Bello de Carvalho


"Nega velha não é palhaça não, meu filho" O desabafo pelo telefone foi um soco no estômago. O que, afinal, teria magoado assim desse jeito uma pessoa que desconhecia ira, mágoa, inveja? Sem atinar com a causa, insisti muito e só aí ela me contou que a chamaram para gravar um novo disco. Durante três meses, apoiada numa bengala e sofrendo as consequências de uma trombose que a fazia arrastar-se com sacrifício pela tão decantada vida de artista, lá ia Mãe Quelé cumprir uma perigrinação inútil para saber quando sairia a gravação que ela não pedira para fazer. Que voltasse "na semana que vem", e toda semana ela voltava e recebia a mesma hipócrita recomendação. "Eu não pedi para fazer disco nenhum, meu filho. Por que é que eles estão brincando assim com a nega véia?" A resposta que tinha engatilhada na ponta da língua era por demais cruel, e não seria eu que iria amargurar ainda mais aquela negra de alma negra, aquele ser em tudo semelhante a um baobá, árvore africana de largo tronco e cuja folhagem rendilha sombras estranhas, expurgatórias talvez do banzo que sofrem os negros, banzo que há algum tempo eu vi espelhado nos olhos da grande Mãe Brasileira, quando fui visitá-la na companhia de nosso amigo, o fotógrafo Walter Firmo. Não conhecia a casa onde agora morava, muito diferente daquela da rua Itaú onde vivia com Albino Pé Grande: um quartinho que se ligava a uma sala estreita semigeminada a alguma coisa que se assemelhava a um banheiro-cozinha. A de hoje é fruto da solidariedade de alguns artistas plásticos (Cildo Meireles, Ana Letícia, Henfil, Glauco Rodrigues, Nássara, Serpa Coutinho, Ziraldo, Chico Caruso, Urian, Caymmi, Germano Blum e tantos outros que agora não me ocorrem, que, convidados por mim, fizeram uma série de retratos e cartuns de Mãe Quelé. Era 1980, e ela estava comemorando presumíveis 80 anos - mais ainda sem um teto que fosse seu.Levei a ideia ao Banerj: que comprasse a edição de um álbum editado pela Funarte e comprasse diretamente um imóvel em nome da Casa dos Artistas (nada mais justo) em usufruto de Clementina. O que foi feito.

A página da Amiga
Volta e meia amigos meus vinham me revelar o que há muito já sabia. A preço de banana, vendiam os shows de Clementina e a faziam rodar pelas madrugadas de São Paulo, onde se apresentava nos lugares mais mulambentos. E não raras vezes saía do Rio de ônibus, porque as leis selvagens do mercado são insensíveis quando se deparam com uma presa fácil e generosa igual a Quelé. Profissional, jamais alegou cansaço para fazer seu trabalho.


Aos seus ganhos agregava uma pensão magérrima do INPS, obtida por outro filho querido que não me autoriza a divulgar seu nome, guardado com muito carinho na gratidão de Clementina. Ele ganhou um festival com Paulinho da Viola e Elton Medeiros e reverteu os dois prêmios no pagamento de contribuições que permitiu a Mãe Quelé usufruir de uma aposentadoria que, embora magra e incompatível com sua importância, para alguma coisa lhe servia.

Mais recentemente, fui procurado pelo Marcus Villaça, presidente da LBA. A exemplo do que a instituição fizera com Henriete Morineau, entendia que Clementina era merecedora de igual apoio. Apenas ressaltei: que essa ajuda financeira ensejasse também um trabalho cultural. Sugeri que uma equipe de jovens pesquisadores fosse contratada para levantar a incompleta biografia de Clementina. Tive o cuidado, tão logo a conheci, de gravar seu depoimento, levantar de forma ametodológica (já que não sou um pesquisador) um pouco de sua grande vida. Mas era um trabalho que exigia um fôlego que a mim faltava. Um posterior depoimento ao Museu da Imagem e do Som complementou em parte o trabalho que fiz. Mas se fazia necessário levar Quelé até Valença, resgatar sua história, saber sua verdadeira idade, fazer uma pesquisa de campo detalhada. Esse trabalho, e Villaça assinou convênio com a Funarte, ganharia seu natural escoamento: um livro de cunho didático-cultural que a LBA editaria, para ensinar o Brasil aos brasileiros, como sempre recomendou Mario de Andrade.

João da Baiana, Pixinguinha, Donga e Clementina de Jesus

O acervo discográfico de Clementina é pequeno diante do seu universo, que é absolutamente incomensurável. Jongos, corimas, lundus, cantos de reisado e de folias, batucadas, partido-alto, rezas - tudo que aprendera com a mãe, que por sua vez herdara cantorias que vinham passando de geração em geração, o que me permitiu recompor uma acervo que fatalmente se perderia se parte dele não tivesse sido registrada fonograficamente. A Miton Miranda, ex-diretor da Odeon, deve-se o convite para registro dos LPs do Rosa de Ouro (1965), do primeiro LP individual de Clementina (também editado na França pela Pathé Marconi) e dos outros que produzi: o Fala Mangueira, ela e Cartola, Nelson Cavaquinho, Carlos Cachaça e Odete Amaral; o Gente da Antiga, Quelé ao lado de Pixinguinha e João da Baiana; o Mudando de Conversa, gravado ao vivo com Ciro Monteiro e Nora Ney, e alguns mais que deveriam estar em catálogo. Participações especiais fez inúmeras em discos de outros artistas, como Milton Nascimento. Existe ainda um LP gravado para o Museu da Imagem e do Som de grande valor histórico. A má qualidade técnica do disco poderia, agora, ser atenuada pelos modernos sistemas da indústria fonográfica - essa que tão prosaica quanto descriteriosamente utiliza o slogan "disco é cultura". É uma impostura que dá margem à próspera fabricação de mitos descartáveis, ensejando a boa parte das gravadoras nacionais e multinacionais desovarem um lixo que em tudo desserve a nossa cultura, desamparada também por um Código de Telecomunicações que beneficia o culto ao inútil e desampara uma produção cultural ainda perseguida por artistas dignos que não se vergaram às conveniências mercadológicas de gravadoras que, como relatei no início deste artigo, humilharam Clementina no final de sua vida. É claro que toda essa impostura é mascarada quando a desgraça cai sobre um mito igual a Quelé ou tantos outros artistas que recentemente abasteceram o noticiário da imprensa. Entidades pseudamente representantes dos artistas logo se apressam a custear funerais, enviar coroas e até eventualmente pagar custos hospitalares, se a contrapartida promocional for interessante.

Dessa novela já sei o enredo. Lembro aos desmemoriados que Pixinguinha morreu na pobreza, com um baú entulhado de obras geniais condenadas ao ineditismo. Em seus últimos dez anos de vida só entrou nos estúdios graças a essa obsessão que até hoje me acompanha e a doce cumplicidade que felizmente ainda encontrei em pessoas sensíveis à genialidade do Santo. Meu trabalho na área cultural não é mais amplo exatamente por força de um sistema mafioso que trata o disco didático-cultural com absoluto desprezo, obstruindo quase todos os caminhos alternativos que tento percorrer. A própria televisão que faço já esteve sob patrulhamento estético, claro sinônimo de censura. Clementina é um exemplo vivo dessa ótica vesga e preconceituosa, que a tratava apenas como a preta velha alforriada pelos brancos bondosos que a encarceram numa senzala menos desconfortável. Não contarei aqui os absurdos que ouvi de pessoas incapacitadas até para a guarda de uma mictório público, mas que militam na área cultural em postos graduados.

Tudo que teria a dizer sobre Clementina de Jesus já despejei no recital que em 7/dez/64 a revelou para o público no show Rosa de Ouro, que em 1965 a consagrou, e nos discos que para ela produzi. Resumindo: ela é meu melhor poema, meu melhor livro, minha melhor letra de música. Tudo que fiz na vida tem significado inferior a sua descoberta. A milionésima parte que sempre desejei ser de Mario de Andrade acho que consegui no dia em que a conheci na Taberna da Glória, em 1963.

Clementina de Jesus é símbolo dessa cultura multifacetada em etnias e credos, baobá que a todos nos protege com a estranha divindade que a fez resistir ao processo liquidificador que insiste em atomizar figuras que, iguais a ela, nos ensinaram o significado de, além da pátria, sermos sobretudo uma nação.

Acho que o reconhecimento dos seus méritos por toda comunidade artística responsável do Brasil é também um atestado mais do que eloquente de sua arte transcendental. Para mim ela se iguala em importância a Villa-Lobos, Carlos Drummond de Andrade, Oscar Niemeyer, Mario de Andrade, Portinari. O crítico Ary Vasconcellos tem sobre ela um pensamento que reproduzo, e que me parece simplesmente definitivo:

"A descoberta de Clementina de Jesus teve para a música brasileira uma importância que presumo corresponder, na antropologia, à do achado de um elo perdido. Estávamos em meados da década de sessenta, já bem distante de nossas raízes africanas. A escola de canto que prevalecia era a europeia, principalmente a italiana: nossos cantores e cantoras apresentavam-se com a voz polida, seja por estudos técnicos, que os transformavam em autênticos tenores (líricos ou dramáticos), barítonos, sopranos, etc..., seja por uma colocação mais espontânea, mas sempre refinada, civilizada. Predominava sempre a voz, senão forte e imponente, pelo menos bonita, isto

Revista Amiga, 05 de agosto de 1987

 


segunda-feira, 12 de abril de 2021

Enfim, imagens raríssimas de Cacilda Becker na TV

Cacida, Homero Kossac, Mauro Mendonça, Fabio Junior

É praticamente sinônimo da profissão atriz o nome de Cacilda Becker. E nome ligado ao teatro, são pouquíssimas as imagens de Cacilda - a principal é Floradas na Serra, filme de 1954. Pois bem: a TV Bandeirantes "descobriu" em seus acervos 60 horas de gravações da atriz e ontem, na esteira do centenário de Cacilda, em 6 de abril, exibiu - infelizmente sem muito alarde - Breve Encontro, no Arte 1, canal pago do grupo Bandeirantes. 

Breve Encontro foi uma das edições do Teleteatro, programa que Cacilda comandava na emissora, gravado e exibido entre março e setembro de 1968 e que acabou com ela dispensada da emissora (e por carta) por interferência da censura. A implicância não era com os textos - clássicos da dramaturgia - mas com Cacilda, com a atuação política dela. Os programas eram para "maiores de 18 anos" e exibidos pelas onze da noite. "Mas o que se pode esperar de uma censura que proíbe Casa de Bonecas, de Ibsen, alegando que a mesma tratava de pederastia, tomando como base o título?", disse ela em matéria publicada pela Folha em 14 de setembro de 1968.

Nessa época, o videotape havia chegado há poucos anos, as novelas ainda investiam em textos estrangeiros adaptados. Logo começaria a virada rumo á modernização com Beto Rockfeller, na TV Tupi, que estreou em novembro de 1968. A Globo só investiria em tramas mais atuais no ano seguinte, com Véu de Noiva, de Janete Clair, que em junho de 1969 substitui a "capa e espada" Rosa Rebelde, também de Janete. E falando em novelas, Cacilda só participou de Ciúme (1966), das qual só existem raríssimas fotos. 

Breve Encontro é adaptação de Still Life, peça de Noel Coward sobre dois amantes ali perto dos 40 anos, ambos casados, com o peso e a culpa daquela relação, que teve pelo menos duas adaptações famosa no cinema. A primeira foi Desencanto (Brief Encounter), pelo então jovem David Lean em 1945, com Celia Johnson e Trevor Howard. Mais de 40 anos depois, em 1984, a história foi revivida em A Difícil Arte de Amar (Falling in Love), de Ulu Grosbard, com Meryl Streep e Robert De Niro. Há também o telefilme, Ligações Proibidas (Brief Encounter), de 1974, estrelado por Sophia Loren e Richard Burton. 

É uma bela (e moderna, atual) atuação de Cacilda, então com 47 anos (a personagem tem 38), e foi um prazer assistí-la por uma hora e meia. No elenco, Homero Kossac (o amante), Mauro Mendonça (o marido), Elizabeth Hartman (a amiga faladeira) e Fabio Junior, que tinha então 14 anos, em uma cena apenas, como filho de Cacilda. 

Cacilda Becker em Breve Encontro

A Bandeirantes está digitalizando o "acervo" de Cacilda e promete exibir as 60 horas de gravação. O Teleteatro de Cacilda Becker na Bandeirantes era dirigido por Walter George Durst (1922-1997), que assinou a adaptação de Gabriela com Sonia Braga, por exemplo. Na equipe também Ody Fraga (1927-1987), que se transformaria num dos diretores mais interessantes e criativos das pornochanchadas da Boca do Lixo. 

No livro Fúria Santa, a excelente bio de Cacilda escrita por Luis André do Prado e publicada em 2002, há uma relação das peças gravadas pelo programa e com avaliações de Durst. E com a observação: "os originais permanecem preservados no acervo da emissora". Só faltava dizer que à espera de restauração, o que só ocorreu agora. Abaixo a lista: 

A Grande Mentira (**); 39 Degraus (*), A República dos Cinco (Cacilda não atua); A Vaidosa (***), A Despedida de Solteiro (Cacilda não atua); Inês de Castro (***), Breve Encontro (***); Casa de Bonecas (**); Anastácia (-); Sempre Carmem (**), Vitória Amarga (**); Nunca é Tarde (-).             Avaliação: * = Fraco; ** = Bom; *** = Ótimo

domingo, 3 de janeiro de 2021

Como Ano passado eu morri se apossou de Emicida

 

Do filme AmarElo

Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro: os versos de Belchior reviveram desde que Emicida os sampleou na faixa título de AmarElo, lançado em 2019. Mas o que levou Emicida a atentar pros versos de Sujeito de Sorte, a quarta faixa do lado A de Alucinação, disco de Belchior de 1976? Matéria hoje em O Globo sugere a canção pra hino 2021, mas não revela como aqueles versos finais se apossaram de Emicida.

Verônica Valentino na Casa de Criadores
No filmaço AmarElo, ele conta. Era 2017, ele foi a um desfile da Casa de Criadores, evento paulistano destinado a lançar novos estilistas, e ficou impressionado com uma performance no desfile de Gustavo Carvalho. "Ele pegou uma menina trans cantando pra caralho. ela veio andando na passarela sozinha cantando essa letra. Parava e olhava pra todo mundo e repetia isso." Era Verônica Valentino quem cantava "pra caralho". A performance bateu de um tal jeito em Emicida que ele foi pra casa, começou a escutar Belchior e pensando: "Como que eu nunca percebi isso?".

Era o embrião para que o sampler com os versos Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro embalassem a gravação de Amarelo, que ele divide com Majur e Pabllo Vittar.


Quem quer brincar de boneca? Texto de Vange Leonel

O filme Barbie está por todo lado. E de tanto ouvir falar em boneca, me lembrei de um texto de Vange Leonel sobre elas e fui até grrrls - Ga...