Primeiro, uma entrevista com uma atriz quarentona que tem uma cara serena e sempre despertou minha curiosidade, mesmo sem ser das mais conhecidas –pouco sabia dela. Começa falando da mãe, que começou a perder a memória quando ela tinha uns 20 anos. “A vida é sonho e fantasia”, lhe ensinou a mulher intensa, interessante e não exatamente um exemplo de maternidade. Depois, a atriz fala das duas filhas, de como são diferentes, de como se preocupa em fazê-las sentir amada, de como conheceu o marido artista plástico, de como se sente com 23 tendo 46... banalidades assim, bem a vida como ela é, ou costuma ser pra alguns.
Nas páginas de literatura, topo com Carol Ann Duffy, poeta escocesa de 53 anos, a primeira mulher a ganhar um título inglês carregado de tradição. “Mãe solteira e lésbica assumida”, tá escrito com destaque. Vou direto a um verso dela: “Em algum lugar do outro lado desta vasta noite e da distância que existe entre nós dois, eu penso em ti”. Pronto, bastaram essas palavras pra me interessar devorar a matéria imensa e viver alguns minutos de puro delírio descobrindo alguém de quem nunca ouvi falar e saber um pouquinho de suas paixões desenfreadas e inquietações. Foi como se naquele café me tivessem apresentado duas novas e interessantes pessoas. E todo sábado costuma ser assim. É só escolher o jornal certo.
É bom contar que ao pagar a conta, conversei com a garçonete simpática. Ela me contou dos maltratos diários e das pressões que recebe do patrão apenas por estar grávida e breve sair em licença maternidade, que sai de lá todos os dias chorando e outras barras nada leves. Os temas que me tocaram no papel estavam ali diante de mim. Ela trabalha até julho, depois vou ter de trocar de café, me recuso a frequentar um lugar onde os patrões maltratam uma mulher grávida.
Um comentário:
Vilmar... que frase é essa?
Vou procurar essa mulher.
Puta que pariu.
Vc vai ter mais uma citação no meu blog.
bjbj
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