sábado, 1 de maio de 2010

A famous italian director


Hoje me chamou da estante um livro incrível: Os Antipáticos. É da Oriana Fallaci, jornalista e escritora italiana que entrevistou as principais figuras do século 20. Ela morreu em 2006, aos 77 anos, e nesse livro reúne suas conversas com pessoas consideradas difíceis – Ingrid Bergman, Hitchcock, Jeanne Moreau, políticos, nobres, uma galeria. É uma aula da arte de entrevistar.

Um dos capítulos (A Famous Italian Director) é sobre Fellini. Eles se conheceram em Nova York, final dos anos 50, quando do lançamento de Noites de Cabíria e se tornaram “mais ou menos amigos”. A partir de agora é Oriana Fallaci quem conta:

“Às vezes ele aparecia no apartamento em Greenwich Village para pedir-me um café com leite – o café com leite, nunca entendi porque, aliviava as suas saudades da pátria e a ausência da esposa Giulietta Masina. Entrava muito deprimido, massageando o joelho, “quando estou triste sinto dor no joelho”, “Giulietta, quero Giulietta”

“Não tinha nada de Greta Garbo, não era o monumento que é hoje. Chamava-me Bolinha, fazia-se chamar Bolinho, em alguns casos até Bolão, abandonava-se à extravagâncias inocentes, como chorar no bar do Plaza Hotel, porque o crítico do New York Times falara mal dele, ou bancar o valente. De fato, freqüentava a loira de um gângster e este lhe telefonava diariamente no hotel para dizer-lhe “i Will kill you”. Fellini não sabia inglês e respondia “very well, very well”, alimentando assim a fama de valente. A fama durou até o dia em que lhe expliquei o que o gângster lhe dizia. Meia hora depois da explicação, Fellini estava a bordo de um avião na direção de Roma.”

Oriana conta que Fellini costumava perambular à noite por Wall Street, “olhar os bancos com jeito de ladrão” e despertou a desconfiança dos policiais. Sem documentos, foi trancafiado numa cela até às seis da manhã, a berrar a única frase de inglês que conhecia: “I am Federico Fellini, famous italian director”. Chamou a atenção de um policial ítalo-americano que vira “La Strada” e lhe pediu para assobiar a trilha do filme. Acabou solto, ouviu desculpas e os polici o levaram ao hotel. Fuguraça!

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