A notícia está no meio da página 4 do Diário
Carioca, de 3 de abril de 1964. A leitura é rápida e esclarecedora. Na mesma
página, outra que vale a pena ler: Mourão: golpe estava montado e prisão de
líderes ajudou muito (no final, a reprodução). Abaixo, a matéria do Diário Carioca sobre a imprensa americana e o golpe.
NOVA IORQUE – O “The New York Times” diz, em
sua edição de ontem, não ser certo que o presidente João Goulart estava levando
o país para o comunismo, acentuando que as Forças Armadas adotaram a mesma
posição de 1889, quando da proclamação da República.
Ressalta o telegrama da agência norte-americana
UPI que o Sr. João Goulart não pôde modificar a estrutura do exército, “integrada
por elementos da classe média, conservadora”. Adverte o órgão americano: “Seja
quem fôr o vencedor, terá que se produzir, agora, um longo período de
convalescença política e econômica”.
EQUILÍBRIO
O exército, segundo o “New York Times”, é
constituído de “elementos da classe média conservadora”. Aponta o órgão a
existência de “desequilíbrio entre as famílias que muito têm e os que nada têm,
o que é agravado pela inflação”.
“Washington Post” diz que a luta no Brasil “é
algo mais que uma disputa entre maus e bons”. Após colocar a posição do sr.
João Goulart como “inclinado para a esquerda diz o “Washington Post”: “Mas
também é certo que o sr. João Goulart apoiava a realização das reformas de base
e que a oposição ao seu regime, por parte dos ricos e poderosos, não se baseava
inteiramente no conluio do presidente com os comunistas”.
IMPARCIAL
O governo norte-americano se declarou “imparcial”
na crise. Funcionário do Departamento de Estado disseram que o presidente
Lyndon Johnson se manteve “informado” sobre a crise. Asseguram que “se o
presidente Goulart apresentasse renúncia em favor do deputado Raineri Mazzilli “não
haveria rompimento de relações”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário