Eu sou Maria Bethânia, a matéria assinada por Jonas Vieira, saiu na quinta, dia 11, com duas fotos (abaixo) e o subtítulo "Era meia-esquerda do time de Santo Amaro da Purificação. No Arquivo Público do Estado de São Paulo, existem mais sete fotos deste encontro dela com o fotógrafo, antes da estreia. Abaixo as fotos e entre elas, a matéria. Tudo em homenagem aos 74 anos de Maria Bethânia. Ela me mostrou outros mundos, apresentou Clarice, Pessoa... Ela merece.
PS: Postei quando Bethânia festejou 70 anos e hoje, no dia dos 74 dela, atualizei a idade.
Meu nome é Maria Bethânia Viana Teles Veloso. Tenho esse nome de latifundiária baiana, mas sou baiana só. Com 18 anos, não consigo sair do ginásio por causa da matemática. Sou filha de um bom sujeito, funcionário do Correio, eu e mais oito irmãos... oito ou nove... Agora sou cantora, mas até os 12 anos eu era meia-esquerda do time de Santo Amaro da Purificação, onde nasci.
Meu pessoal é alguém
Olhando-se para Maria
Bethânia, 1 metro e 65 de altura, 49 quilos, uma voz forte e rouca, ninguém é
capaz de identificá-la com uma cantora, muito menos a ponto de substituir um
cartaz como Nara Leão, exibindo-se para uma plateia exigente como a carioca.
Ela explica tudo isso, calmamente, com um sorriso alegre de menina-moça, que
pouco se impressiona como cartaz:
“Não tenho pretensões a
coisa alguma. Na Bahia tenho o que quero. Meu grupo, minha música, meu pessoal
e uma certa pessoa... Não quero ir ao exterior, não penso em morar no Rio,
assim que terminar meu compromisso aqui, volto correndo. Estão querendo que eu
grave um LP (para a Equipe). Voltarei, mas só para gravar um LP.”
E essa pessoa, esse alguém,
Maria Bethânia? Quem é? Gente muito importante. Ela ri: “pois veja como são as
coisas, deixo o Rio correndo para rever um carioca, na Bahia. Não é engraçado? Mas não é compromisso, hein! Vê lá o que vai
escrever.”
Noel, sempre Noel
Maria Bethânia elogia Nara,
que cantou para o seu grupo, em Salvador, quando por lá passou certa vez. Mas
faz questão de dizer do encanto que lhe traz a música de Noel Rosa:
“Gosto da música moderna,
que se torna cada vez mais apurada. Lá na Bahia, estamos tentando fazer música
cada vez mais moderna. Mas nas horas de retraimento, Noel, Caymmi, Ataulfo e Monsueto
tomam o meu tempo. Eles me fazem sentir bem”, acrescenta Maria Bethânia, que já
gravou a trilha do filme Moleques de Rua, é cartaz da TV baiana e fica toda
sensibilizada porque foi convidada a participar de OPINIÃO: “É uma grande
chance que eu não poderia perder. O show é uma maravilha e na minha terra não
se fala em outra coisa.”
Espanto
Maria Bethânia diverte-se
com as poses que os fotógrafos lhe pedem. Comentando o assédio das câmeras e
objetivas, depois que chegou ao Rio, diz que nada a diverte tanto quanto um
fotógrafo: “Eles me pedem cada uma. Imagine que ontem um deles queria me
fotografar entrando no teatro com um ar de espanto. Eu fiz.”
Tem opinião
Ninguém ao primeiro relance
pode dar valor a Maria Bethânia que, no entanto, agora, tem Opinião para
prová-lo.
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