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| Sam Shepard na casa de Patti Smith, em 2006, no documentário Dream of Life |
Na segunda-feira estranha, a
notícia da morte de Sam Shepard veio no rastro da de Jeanne Moreau e logo
pensei em Patti Smith. Também em Jessica Lange, com quem ele viveu 17 anos, mas
mais em Patti. Escrevendo assim parece que os conhecia, que são amigos, da
família ou algo assim e, de certo modo, são. A parte de Só Garotos em que ela
conta o relacionamento (curto) dos dois, que teve o Chelsea Hotel como cenário,
havia ficado comigo. Corri ao livro, umas dez páginas tocantes, e um fim de romance
pra não se esquecer:
Antes
de Sam ir embora de Nova York para Nova Scotia, ele me deu algum dinheiro em um
envelope. Era para eu me cuidar.
Olhou
para mim, meu caubói com jeito de índio. “Você sabe, os sonhos que você teve
comigo não eram os meus sonhos”, ele disse. “Talvez sejam só sonhos seus.”
No dia seguinte, ela
escreveu um texto tocante na The New Yorker (link abaixo) se despedindo do amigo.
É como se fosse um final para a parte Sam e Patti de Só Garotos, que não tinha
acabado nos “sonhos meus", "sonhos seus” do adeus de 1971 e virara uma amizade
depois desses anos todos.
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| O joelho de Patti e a mão de Sam |
Hoje,os dois me chegaram em Dream
of Life, documentário sobre Patti, de 2006. Antes do encontro, ela mostra o violão
“um velho Gibson preto 1931, um modelo da depressão”, que Shepard comprou para
ela numa loja do Village quando do romance no Chelsea Hotel. Um pouco mais
adiante, a sequência tocante: Na casa dela, eles cantam e tocam violão, Sam
mais ri do que fala e Patti relembra a tatuagem que fizeram juntos quando
jovens (a dele uma lua crescente na mão esquerda e a dela, um raio no joelho
esquerdo). “Foi uma noite estranha”, comenta Sam Shepard. E daí cantam “Foi uma
noite estranha no Chelsea Hotel”.
Aqui, o texto de Patti na New
Yorker: My Buddy. Em inglês
Aqui, o documentário Dream
of Life (com legendas em espanhol). É de se ver inteiro, mas o encontro dos dois é no 47:27



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