É tão bonito o trecho em que Cleyde Yaconis
fala de Ariano Suassuna em A Dama Discreta, que tive o prazer de escrever. Enquanto copiava, me veio na voz dela. Taí. Pra Ariano Suassuna.
Fredi Kleeman, Cleyde Yáconis, Walmor Chagas e Cacilda Becker: O Santo e a Porca |
“Uma das boas lembranças das época da
Companhia Cacilda Becker é meu conhecimento com Ariano Suassuna, de quem
montamos duas peças O Santo e a Porca e O Auto da Compadecida. Os personagens
de Ariano são maravilhosos, brasileiros, têm o humor, a malícia e a safadeza do
povo brasileiro, como ele se vira e se sustenta. Fiz um palhaço do Auto e a
Caroba do Santo e a Porca, que foi a peça de lançamento do Teatro Cacilda
Becker, em março de 1958, no Teatro Dulcina, no Rio. Ariano adorou a montagem e
eu ganhei o Prêmio Governador do Estado de melhor atriz. Peça de estreia da
Companhia em Lisboa, o Auto era dirigido pela Cacilda.
Quando a Companhia passou por Recife, rumo à
excursão pela Europa, fui almoçar na casa do Ariano e ficamos amigos. Lembro
que a casa dele tinha um muro amarelo, cheio de pinha e ele arrancou uma pinha
do muro e me deu.*
Adoro O Santo e a Porca e, no começo dos anos
70, produzi uma remontagem da peça que fez bastante sucesso e chegamos a
apresentar na Penitenciária de Bangu, no Rio, mas não trabalhei como atriz.
Três anos atrás, o Ariano Suassuna foi homenageado por uma escola de samba, ele
me telefonou e falou que fazia questão que eu fosse. Eu disse “Te adoro, mas
não tanto”. Carnaval nem pensar. Só gosto porque são quatro dias e, quando eu
estou trabalhando, fico de folga na minha casa.”
*Ah, a pinha que ela fala sempre esteve na varanda da casa de Jordanésia.
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