É a Maior! é assinado por
Fauzi Arap e Herminio Bello de Carvalho, responsáveis por espetáculos
históricos de Maria Bethânia, por exemplo, que é doida pelos dois. Desde Comigo
me Desavim (1967), Fauzi já dirigiu alguns dos shows mais lindos de Bethânia,
Rosa dos Ventos, inclusive. E Herminio é produtor/diretor de maravilhas feito Rosas
de Ouro e aquele show de Elizeth Cardoso em 1968, com Zimbo Trio + Jacob do
Bandolim + Época de Ouro. Basta citar esses dois, sempre no topo da lista dos
shows que eu adoraria ter visto.
E como nada é por acaso,
Bethânia não entrou aqui de graça. A estrututura de É a Maior! lembra os shows
dela: textos conduzindo as canções no formato pot-pourris bem costurados juntando os
sucessos dela e novidades. Marlene usa a palavra para uma espécie de acordo com
os tempos modernos. “Há uma hora em minha vida em que eu resumo todas as
grandezas e todas as tristezas que eu já presenciei. É na hora que eu canto. È
na hora que me dão um pedaço de palco para eu ser Marlene”: o disco/show inicia
nesse clima confessional.
Era 1970, a era das cantoras
de rádio havia passado há muito, o auge dos festivais também e a tropicália estava
nas bocas, Caetano e Gil no exílio em Londres. Marlene tinha 46 anos, olha a mudança dos tempos, praticamente a
idade de Marisa Monte hoje. Dos novos de então, Caetano é presença marcante com
Tropicália, Atrás do Trio Elétrico, Coração Vagabundo e Irene, que encerra o
disco. E tem Jorge Ben (País Tropical), Marcos e Paulo Sergio Valle (Mustangue
Cor de Sangue na sequência de Se é Pecado Sambar) e Milton Nascimento (Beco do
Mota, parceria com Fernando Brant, em interpretação impressionante). E da
geração mais antiga, Mario Lago, Wilson Batista, Assis Valente, Luiz Gonzaga
“Eu não vejo diferença
nenhuma naquela gente que gritava Marlene e Emilinha e ainda ontem gritava por
Chico e Caetano. Talvez as bocas que gritem hoje nos festivais sejam mais bem
tratadas, mas isso também não era culpa da Emilinha nem minha”, ela desabafa,
ovacionada, em momento sobre a expressão “macacas de auditório”. É o final que
chega com o hit maior Lata D´Água emendado com Irene. O público delira. Momento
de virada na carreira de Marlene, É a maior! nada tem de datado e retrata um importante
momento de mudança na música popular brasileira. Quatro anos depois, Marlene
fez outro show antológico dirigido por Herminio – Te Pego Pela Palavra.
Abaixo, o áudio com o momento final do
show É a maior!. Depois, a abertura do show Te Pego Pela Palavra. E ao final, dois textos bem reveladores, que Marlene fala durante o espetáculo.
“A minha voz é pequena.
Sempre disseram que a minha voz é pequena. Ouvi isso a vida inteira. Eu comecei
no rádio aos 20 anos, brigando com Deus e todo mundo, brigando até comigo
mesma. Eu misturava prazer e raiva quando me jogava no auditório para cantar. E
foi com esse prazer e com essa raiva que eu cheguei até aqui. Eu começo e
recomeço minha vida toda hora sem medo nenhum. Cantei muito em auditório de
rádio, botei muita faixa nesse corpo. E hei de continuar cantando, seja na rua
ou em qualquer lugar onde haja alguém que queira me escutar. E, porque não, hei
de cantar em muito auditório ainda” (E aí, Marlene começa a cantar País
Tropical)
“Às vezes eu não gostaria de
ter a voz que tenho. Às vezes eu gostaria de ter uma voz despreocupada, uma voz
calma. Às vezese eu não gostaria de me agitar. Às vezes eu não gostaria de
quase ter de me esfregar na cara de todo mundo para me fazer perceber. Às vezes
eu gostaria de simplesmente cantar” (E aí, Marlene canta Carinhoso)
Um comentário:
Ledesma. Sou Octavio César. Fiz parte, juntamente com Daltony,Lilito e Fototi, do quarteto vocal O Grupo Mineiro. Demos á Marlene suporte musical e teatral Os músicos eram da melhor qualidade Helvius Vilele ao piano, Novelli no baixo, Verocai na guitarra e Gegê na bateria. Dividimos com Marlene um grande sucesso de crítica e público em vários teatros no Rio de janeiro Saúde
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