sábado, 18 de junho de 2016

A mulher mais importante da música brasileira completa 74 anos

Era o primeiro dia de fevereiro de 1965 e o fotógrafo Joel Maia, do Última Hora, foi fotografar a novata chegada da Bahia. Ela substituiria Nara Leão em Opinião, o show que arrebatava multidões naqueles primeiros meses pós-ditadura. 

Eu sou Maria Bethânia, a matéria assinada por Jonas Vieira, saiu na quinta, dia 11, com duas fotos (abaixo) e o subtítulo "Era meia-esquerda do time de Santo Amaro da Purificação. No Arquivo Público do Estado de São Paulo, existem mais sete fotos deste encontro dela com o fotógrafo, antes da estreia. Abaixo as fotos e entre elas, a matéria. Tudo em homenagem aos 74 anos de Maria Bethânia. Ela me mostrou outros mundos, apresentou Clarice, Pessoa... Ela merece.
PS: Postei quando Bethânia festejou 70 anos e hoje, no dia dos 74 dela, atualizei a idade.




 Meu nome é Maria Bethânia Viana Teles Veloso. Tenho esse nome de latifundiária baiana, mas sou baiana só. Com 18 anos, não consigo sair do ginásio por causa da matemática. Sou filha de um bom sujeito, funcionário do Correio, eu e mais oito irmãos... oito ou nove... Agora sou cantora, mas até os 12 anos eu era meia-esquerda do time de Santo Amaro da Purificação, onde nasci.
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Meu pessoal é alguém

Olhando-se para Maria Bethânia, 1 metro e 65 de altura, 49 quilos, uma voz forte e rouca, ninguém é capaz de identificá-la com uma cantora, muito menos a ponto de substituir um cartaz como Nara Leão, exibindo-se para uma plateia exigente como a carioca. Ela explica tudo isso, calmamente, com um sorriso alegre de menina-moça, que pouco se impressiona como cartaz:
“Não tenho pretensões a coisa alguma. Na Bahia tenho o que quero. Meu grupo, minha música, meu pessoal e uma certa pessoa... Não quero ir ao exterior, não penso em morar no Rio, assim que terminar meu compromisso aqui, volto correndo. Estão querendo que eu grave um LP (para a Equipe). Voltarei, mas só para gravar um LP.”
E essa pessoa, esse alguém, Maria Bethânia? Quem é? Gente muito importante. Ela ri: “pois veja como são as coisas, deixo o Rio correndo para rever um carioca, na Bahia. Não é engraçado?  Mas não é compromisso, hein! Vê lá o que vai escrever.”



Noel, sempre Noel


Maria Bethânia elogia Nara, que cantou para o seu grupo, em Salvador, quando por lá passou certa vez. Mas faz questão de dizer do encanto que lhe traz a música de Noel Rosa:
“Gosto da música moderna, que se torna cada vez mais apurada. Lá na Bahia, estamos tentando fazer música cada vez mais moderna. Mas nas horas de retraimento, Noel, Caymmi, Ataulfo e Monsueto tomam o meu tempo. Eles me fazem sentir bem”, acrescenta Maria Bethânia, que já gravou a trilha do filme Moleques de Rua, é cartaz da TV baiana e fica toda sensibilizada porque foi convidada a participar de OPINIÃO: “É uma grande chance que eu não poderia perder. O show é uma maravilha e na minha terra não se fala em outra coisa.”



Espanto


Maria Bethânia diverte-se com as poses que os fotógrafos lhe pedem. Comentando o assédio das câmeras e objetivas, depois que chegou ao Rio, diz que nada a diverte tanto quanto um fotógrafo: “Eles me pedem cada uma. Imagine que ontem um deles queria me fotografar entrando no teatro com um ar de espanto. Eu fiz.”

  
Tem opinião

Ninguém ao primeiro relance pode dar valor a Maria Bethânia que, no entanto, agora, tem Opinião para prová-lo.



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