sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

A Tropicália lá no inicio em ensaio de moda

 


É uma maravilha esse ensaio de moda da Rhodia com o tema Tropicália, quando ela ainda estava viva - abril de 1968 "tropicalismo" na matéria. As fotos são de José Daloia e cenários de Cyro Del Nero. Redator/es não creditados

"O tropicalismo é nosso. ou Yes, nós temos bananas."

São 17 páginas da Jóia, revista feminina da Bloch editores, a mesma da Manchete. Abre com um manifesto e com muitas imagens e textos/citações ótimas, vai contando a história do movimento, que tem em Gilberto Gil e Caetano Veloso seus líderes. Gil está entre os que posam com as modelos da Rhodia (Mila Moreira é uma delas).Caetano não, mas aparece no índice da revista no famoso apartamento paulistano da Avenida São Luis ("o mais famoso hippie da atualidade brasileira), chamando a matéria

Os que já tinham partido (Carmem Miranda), os astros do passado e os que chegavam: estão todos no ensaio


Quem abre e pilota a "transmissão radiofônica" é Jorge Veiga, que Caetano Veloso homenageia em GilGal do álbum Meu Coco. Carmem Miranda festeja na parede e a bicicleta de Jorge tem bandeirolas do Brasil


E abram alas para Vicente Celestino e o célebre Coração Materno. 
"Agora sim, chegamos à espinafração total": a frase de Oswald de Andrade ("sem cuja colaboração não existiria tropicalismo tão tropicalista assim") abre alas pro elenco de O Rei da Vela do Teatro Oficina - Renato Borghi, Etty Fraser e Otavio Augusto - no cenário da peça.


No bilhar, o cantor João Dias e na parede o retrato de Francisco Alves, o Chico Viola, morto em 1952. Na página ao lado, César Ladeira, "o locutor oficial da Revolução de 32", na cadeira do barbeiro. Na parede do salão, a Santa Ceia e modelos desnudas.


E chega José Lewgoy, o homem mau das comédias da Atlântida, em cenário 
bilhetes de loteria e jogo do Bicho . Na página ao lado, "é moleza de bordo, contrabando do cais": Moreira da Silva, o Kid Morangueira com duas manequins na Rua João Durães, indica a placa


"Me chamo Pixinguinha e moro na rua do mesmo nome, número 23".De terno branco, dois veteranos da música brasileira: Pixinguinha (outro homenageado por Caetano em Gil Gal) e Carlos Galhardo numa serenata às manequins. O retrato de Getúlio Vargas está na parde de Pixinguinha e um anúncio de Circo na de Galhardo. "No apartamento azul do nosso coração a rosa de Istambul em versos do Japão": versos de Cortina de Veludo, sucesso de Carlos Galhardo.



"Tropicalistas de Ipanema, uni-vos" E olha quem chega: Gilberto Gil! E ele comanda a Banda de Ipanema.
Na página ao lado, Estatutos da gafieira: "é prroibido abusar da umbigada, para não prejudicar hoje o bom crioulo de amanhã. Os versos são da canção de Billy Blanco, que Jorge Veiga também gravou. O "destaque" diante do microfone com a manequins é Zeffa, da Escola de Samba Vai-Vai


Tem sertanejo? Tem, sim senhor. E raiz. A dupla Alvarenga e Ranchinho caindo de charme. Na página ao lado, 
o samba de Nelson Cavaquinho (chique chique todo de branco) em cenário religiões de matrizes africanas. "Saravá,"minha" pai"



Já pro final do ensaio, a presença de dois atores: Edmundo Lopes incorpora Getúlio Vargas discursando. O retrato de Getúlio, que já aparecia na página de Pixinguinha,  está aqui no centro do cenário. 
Ao lado, Elisio de Albuquerque, o vilão dom Rafael da novela O Direito de Nascer (1964) representando o Brasil agrícola.


E a "transmissão radiofônica" ensaio de moda termina no ritmo do futebol com o goleiro Caxambu ao lado das manequins: "Alô, alô Caxambu! O locutor que vos fala informa que aqui o sol está a pino desde às sete horas da manhã! A-ten-ção Bra-sil!! Os magiares adentram o tapete verde, envergando suas vistosas jaquetas rubro-anis!"



Aqui, os agradecimentos e créditos do ensaio




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