domingo, 25 de dezembro de 2011

Clarice, uma arqueologia 2 - A primeira entrevista



Aqui está a entrevista de Clarice na Diretrizes, em 30 de outubro de 1941, conforme a copiei a lápis (na foto). Está publicada no livro Entrevistas / Clarice Lispector (editora Azougue), que tem organização de Evelyn Rocha, apresentação de Benjamin Moser e mais 14 entrevistas, inclusive um depoimento dela para o MIS, em 1976 e a última entrevista (na TV Cultura, em 1977). Quer dizer, leitura obrigatória.


Os estudantes brasileiros e a literatura universal

(Série de reportagens com universitários, no final de outubro de 1941, opinando sobre a literatura. A ilustração é de uma garota bonita, com bolsa embaixo do braço, cercada por cinco rapazes e a legenda: “futuros advogados falam sobre luteratura”. Lá no final da primeira matéria, vem o seguinte trecho:)

Na faculdade de direito subimos ao primeiro pavimento do edifício da rua Moncorvo Filho. Descemos novamente e vemos chegar uma jovem a quem abordamos. Chama-se Clarice Lispector e tem traços da raça eslava. É terceiro anista, e acede prontamente em responder às perguntas do repórter.

Leio de preferência livros, diz Clarice. Quanto à literatura nacional, em minha opinião, temos ótimos escritores, capazes de rivalizar com qualquer outro de qualquer literatura. Sobre a moderna literatura nacional, conheço alguma coisa; mais talvez do que a antiga.

Pode destacar algum vulto?
Vários, como Graciliano Ramos, que me parece o maior, Raquel de Queiroz, Frederico
Schmidt, etc.

Na literatura moderna nacional existe algum escritor que em sua opinião possa se 
nivelar a Machado de Assis ou Euclydes da Cunha?
Não se pode tomar para comparação um Machado de Assis, tão pessoal na sua obra. Mas
em intensidade literária, dentro do seu próprio gênero, há escritores atuais que podem até
superá-lo. Aliás, em minha opinoão, seria mais fácil superá-lo do que igualá-lo. Machado tinha
muita personalidade. Como romancista, ele não é seguro, não obedece a normas; por isso me
parece fácil superá-lo, mais que igualá-lo. Euclydes da Cunha não me agrada....

Qual o livro nacional ou estrangeiro que lhe tenha deixado maior impressão?
Esta é uma pergunta difícil... porque eu sempre passo épocas em que tal ou qual livro me
impressiona. Depois o esqueço e outro toma o seu lugar. Às vezes o que me agrada num livro
é o “tom”, o plano em que o autor se move. E se em outro livro o autor muda o “tom”, eu perco o
interesse. É um estado d’alma.

Acha que a Guerra possa influir sobre a literatura?
Pode. Talvez um certo ceticismo se apodere da literatura do após-guerra. Também os motivos
humanos ocuparão seu lugar. Mas ao certo não se pode prever.

Qual a sua opinião sobre a “coleção das moças”?
Corresponde a uma necessidade da idade. Há uma fase na vida da moça em que tal literatura
é indispensável. Mas apesar de eu já ter sofrido essa necessidade, hoje tenho pena das
moças que lêem exclusivamente esta literatura.

E sobre a literatura infantil?
Monteiro Lobato é sozinho uma literatura neste gênero. Suas obras compõem o que há de
melhor a este respeito no Brasil. Além disso, temos Marques Rebello. Ainda não se pode,
todavia, confiar em uma literatura infantil no Brasil.

E sobre a poesia?
Eu nunca procurei a poesia. Gostei sempre mais da prosa. Admiro particularmente Augusto
Frederico Schmidt.

Qual o maior poeta nacional em sua opinião?
Eu diria Castro Alves porque sei que é o melhor. Mas não tenho apreciação pelos condoreiros.
Se a pergunta se refere aos que gosto, posso falar de Augusto Frederico Schmidt, com o seu
“Cântico do Adolescente” que muito me impressionou há anos atrás.

 Quais os melhores livros da literatura universal, na sua opinião?
“Humilhados e Ofendidos”, “Crime e Castigo”, de Dostoievski, “Sem Olhos em Gaza”, do
Huxley, “Mediterrâneo”, de Panait Istrati e as obras de Anatole France em geral. Mas isto é só
do que já li.

Depois, a própria Clarice se encarrega de nos apresentar a um colega. Augusto Baêna, quarto anista e presidente do Centro Cândido Figueiredo da Faculdade de direito...

(Na foto, Clarice aparece com saia xadrez bem miudinho, blusa gola reta de manga comprida, bolsa tipo carteira embaixo do braço e cabelos em quase coque...)

P.S: Enquanto fotografava as anotações para postar aqui, recebi uma mensagem de Benjamin Moser via twitter. Coisas de Clarice....


sábado, 24 de dezembro de 2011

Clarice, uma arqueologia


Véspera de natal, o interfone toca e a porteira me avisa que tem sedex me esperando. Abro o pacote e dou de cara com o livro Encontros / Clarice Lispector, da editora Azougue. Não resta dúvida, Clarice Lispector me enviou um presente de Natal e você vai ver que isso de fato ocorreu.

Lá por 2002, cavei um tempo livre para fazer aquilo que eu realmente estava a fim de fazer. Passei tardes e mais tardes na biblioteca Mario de Andrade às voltas com pesquisas que inventava. Foi assim que cheguei à Diretrizes, jornal de Samuel Wainer no final dos anos 30, começo dos 40. Os exemplares amarelados e amarrados com barbante não deixavam dúvidas: há muito tempo não eram folheados e, quando abertos, se desfaziam nas dobraduras, deixando lascas de papel sobre a mesa. Eu usava luvas plásticas, não podia xerocar e só copiar a lápis. Máquina digital ainda era coisa rara, pelo menos pra mim.

Bom, certo dia topei com a matéria “Os Estudantes Brasileiros e a Literatura Universal” e, para minha surpresa, uma das entrevistadas era Clarice Lispector, então terceranista de direito no Rio. Na única biografia da escritora até então – Uma Vida Que Se Conta, de Nadia Gotlib não havia referência a essa entrevista. Copiei os trechos relacionados a Clarice. Corte rápido para final de 2009, quando saiu Clarice, a bio escrita por Benjamin Moser. Comentei com Pinky Wainer, amiga no Twitter, sobre meu achado e ela contou a história no site da Cosac Naify. Outro corte rápido para Novembro desse 2011 que finda, Raquel Cozer, jornalista da Ilustríssima da Folha de S. Paulo me avisa da publicação da tal entrevista em livro e que Benjamin Moser me cita no prefácio como descobridor da primeira entrevista de Clarice.

Corte rápido e final para final da manhã de hoje, 24 de novembro de 2011. Algo em mim treme e festeja ao por os olhos pela primeira vez no livro com a entrevista publicada. “Acasos não existem. Está tudo ligado”, me vem a frase de Caio Fernando Abreu, clariceano de carteirinha. Feliz Natal. Merecemos.

Trecho do prefácio de Benjamin Moser no livro cuja capa está ao lado:

(A arqueologia de um livro como este, pouco visível para o leitor, é fascinante: esta entrevista foi recém-escavada pelo jornalista paulista Vilmar Ledesma. Teria adorado por este flash na minha biografia Clarice, mas enquanto o interesse por Clarice durar, novas descobertas se farão.)

P.S: Bom, na verdade nasci no Rio Grande do Sul. Moro em São Paulo faz 23 anos e me sinto paulista, paulistano (como saiu na matéria da Raquel Cozer). Até brinco com meus amigos gaúchos: "quem tem raiz é mandioca. Sou paulistano, ex-gaúcho". Farra, pura farra. Gargalho repetinho “Jornalista paulista”: até nisso tem a mão de Clarice, a danada.
  
E no post seguinte tem a tal primeira de Clarice inteira, do jeito que a encontrei naquela tarde há quase 10 anos.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Caetano, Gal e Gil em Wight 1970

Faz algum tempo queria essas fotos aqui. Sou dos que acreditam no momento certo e ele chegou. Hoje, na coluna que escreve todo domingo em O Globo, Caetano Veloso fala da maravilha de foto na contracapa (abaixo, à direita) do disco Recanto: ele e Gal Costa, jovens de tudo, no festival da Ilha de Wight

Capa da Manchete
Contracapa de Recanto

“Foi em 1970, eu e Gil estávamos exilados em Londres, e Gal foi nos visitar”, ele escreve e conta como a turma tropicalista acabou subindo ao palco. “No documentário sobre a Tropicália, que está para ser lançado, há uma cena em que apareço cantando Shoot me Dead acompanhado por Gil”. Olha só quem Caetano, Gal e toda turma viram “bem de perto”: Jimi Hendrix, Leonard Cohen, The Doors, Emerson Lake & Palmer, Joni Mitchell, Mile Davis (desse Caetano conta história deliciosa na coluna que você pode ler clicando o link lá no final). 

A capa da revista Manchete de 19 de setembro de 1970 do Festival de Wight, retratado em nove páginas. Numa coluna, três fotos de Gil, Caetano e Gal. Essas, e com as legendas da revista.

Gilberto Gil voltou a ser o mesmo, com a barba e o sorriso largo. Ficou na arena, junto ao palco, todos os dias e todas as noites.

Caetano Veloso conseguiu ficar mais magro ainda, o cabelo maior e uma barbicha. Disse que nunca viu (e ouviu) tanta gente boa.

Gal Costa tinha ido rever Gil e Caetano em Londres e também viajou.  Passou uma semana numa barraca na base de sanduíches e enlatados. Mas adorou tudo


E aqui, link para Ilha, a coluna de Caetano Veloso no Globo


sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Homens que voam

O Astro
Sua pedra é a ametista. Sua cor, o amarelo. E Herculano Quintanilha mostrou ontem que pode virar pássaro e escapou lindamente de um exército de policiais em O Astro. Apesar de não exibir as asas, ele entra numa galeria especial, a dos homens alados. Ei-los:


Saramandaia
João Gibão, o homem alado de Saramandaia (1976) interpretado por Juca de Oliveira, passou a novela toda escondendo as asas sob um gibão. No último capítulo, alçou vôo e sobrevoou a Bole Bole do realismo de Dias Gomes em todo seu esplendor.


Birdy - Asas da Liberdade
É a fantasia de voar que o personagem de Matthew Modine em Birdy - Asas da Liberdade (1984) se refugia das perturbações de quem passou por momentos terríveis. Sonho e realidade lado a lado num filme de Alan Parker dos primeiros tempos.


Voar é com os Pássaros
Construir asas e voar é a obessão do protagonista de Voar é Com os Pássaros (1970), filme de Robert Altman.




terça-feira, 25 de outubro de 2011

A voz do sentimento



No site da revista francesa Les inrockuptibles, a chamada “Freddy, héroïne cubaine” e a capa de um CD com um rosto em close de uma mulher se esgoelando ao microfone, imagem nostálgica e marcante. Quem seria ela? Da resenha passei ao youtube e aquele vozeirão me pegou de cara quando era finalzinho de domingo: Noche de Ronda era a canção.
.
Mas quem é ela? E antes que a música acabasse, santo google já havia me dado a ficha:  Fredesvinda Garcia Valdés, 150 kilos, empregada doméstica durante o dia e à noite enveredava para os cabarés de Havana, onde arrebatava corações com seus boleros à capella. Freddy gravou apenas um disco, pouco antes de sua morte em 1961, com 26 anos, nos primeiros tempos da revolução cubana. Ela é La Estrella Rodriguez de Três Tristes Tigres, do escritor cubano Guillermo Cabrera Infante.

As 12 canções do único disco de Freddy estão no youtube e têm nomes assim: El Hombre que yo Amo, La Cita, Noche y Dia, Freddy (composta especialmente para ela), Debi Llorar, Gracias mi amor e Noche de Ronda, a primeira que ouvi e que está aí abaixo.


sábado, 22 de outubro de 2011

Gatas e gatos


Em 1951, Cecil Beaton fotografou Greta Garbo na porta de sua casa. Ela tinha 46 anos e já estava afastada do cinema há uma década. Mas o famoso I Want to Be Alone não incluia esse gato imenso. E repare no sorriso de Garbo.

Atente nos olhares da dupla. O rosto largo de Zelda e a beleza ainda não devastada pela loucura, que na década seguinte chegaria para a mulher e paixão de Scott Fitzgerald. Ela e o gato miram o fotógrafo. Quem seria?


Em pleno barato do final dos 60: o nome dela é Gal, mas o dele/a não se sabe.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

As boas do Plonka

Eu com Marcos Plonka e Tuna Dwek

No dia seguinte à morte de Marcos Plonka, que foi dia 8 de setembro, postei sobre ele aqui. Contei da entrevista para Disciplina é Liberdade, a biografia de Geraldo Vietri que escrevi e lembrei de sua presença no lançamento e da foto que tiramos juntos e que eu nunca vira. Bom, a foto (de Fernandes Dias Pereira)  apareceu e está aí em cima, gentileza do Claudio Erlichman, da Imprensa Oficial. E abaixo, outra foto do lançamento: Plonka e sua esposa Olivia Camargo junto com Duarte Gil e Lisa Negri, dia 28 de março, na Cinemateca de São Paulo. Foto gentilmente enviada por Duarte Gil.

Duarte Gil, Plonka, Lisa Negri e Olivia Camargo

E também tem mais trechos da entrevista de Plonka, que relembra fatos marcantes de sua carreira.

                                                   Primeiros Tempos
“Fui dublador durante um bom tempo e graças a minha voz forte, dublei os principais nomes do cinema de horror. Devido a minha voz pesada, fazia as vozes dos atores mais velhos e nunca dublei alguém da minha idade.”

“No dia-a-dia da TV Tupi, passávamos mais tempo na emissora do que em nossas casas. Para gravar o teleteatro TV de Comédia, no sábado, eu chegava de tarde e voltava pra casa na manhã do dia seguinte. Gravava à noite. Ia para casa, morava no Bom Retiro, Rua Prates, passava numa padaria e a vizinhança achava que eu era um vagabundo que chegava em casa às sete da manhã.”

“Um dos sucessos do TV de Comédia foi O Homem que Sabia Javanês. Eu fazia o personagem título, um estelionatário que vai atrás de um anúncio de jornal procurando alguém que fale javanês. Tinha que inventar as palavras de uma língua que não existe. E o  Vietri se divertia muito com isso.”


                                             Acidente em Nino, O Italianinho
“Estávamos gravando, Vietri me disse que encerraria, escureceria em mim num cenário, eu pegaria minha mala e a cena já começaria comigo entrando num outro cenário. Quando saí de um estúdio e fui entrar no outro, pisei no cabo da câmera. E quando caí, o corpo virou e a perna não, entrei embaixo do carrinho da câmera. Tive uma fratura que a o osso do lado da perna veio parar em cima do pé. O câmera Decio viu, eu não sabia o que tinha acontecido e só percebi quando ele falou para o Vietri que eu tinha quebrado a perna. A gravação parou, me puseram no carro e me levaram para o hospital Samaritano, na Pompéia. Não precisou operar, mas pra colocar no local me deram uma raquiniana, aquela que você não pode levantar a cabeça, tem que ficar deitado retinho, porque senão fica com dor de cabeça pro resto da vida. Fiquei no hospital e o elenco inteiro ficou comigo para eu não me mexer: Juca de Oliveira, Tony Ramos... No dia seguinte fui embora, engessado até acima do joelho.
Como era gênio, Vietri pega uma cena em que Dirce Migliaccio e Lucia Mello entram correndo no final do capítulo dizendo “Seu Max quebrou a perna”. Em alguns capítulos comentavam que seu Max estava no hospital. Gravei algumas cenas no hospital, com a perna engessada, o pessoal indo me visitar, e era muito engraçado... Quando melhorei, troquei o gesso por uma botinha, recomecei a gravar. Nessa época, eu apresentava o programa de calouro Os Bons do Plonka, sentado num banquinho. “


                                                Novelas da Tupi
“Os problemas dos jovens da época (1967) era o tema de Os Rebeldes. Meu personagem era o dono da cantina, casado com a Olivia Camargo, hoje minha mulher. Felipe Levy também trabalhava na cantina e meu personagem tinha ciúmes dele, achava que dava em cima da Olivia. A parte da cantina quebrava o acentuado tom de drama, as situações mais tensas. Foi a primeira novela do Vietri em que apareciam personagens cômicos.”

“Em Nino, O Italianinho, o toque cômico do meu personagem, o seu Max, vinha do jeito dele ser, do jeito de falar. Em Vitória Bonelli, eu vivia um homem misterioso, que não falava da vida dele, que tinha sido abandonado pela mulher e pelos filhos. Joca, meu personagem em A Fábrica, era gago e dividia um quarto com o Pepê (Lima Duarte), que fazia um curso por correspondência. Lima e eu éramos uma dupla, dois operários.”

“O primeiro judeu que eu criei foi o Max Blinder de Nino, O Italianinho. Quando a novela começou, a colônia ficou arrepiada, achou que ia ser depreciativo e acabei depois fazendo palestra na Hebraica. Já o Farc de João Brasileiro era um imigrante, namorava a personagem da Elizabeth Hartmann. Era um mascate e saía para vender com as malas dele. Morava na pensão da Dona Pina (Nair Bello). Era complicado gravar com a Nair, porque ela não podia olhar na minha cara que tinha acesso de risos.”

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O REM acabou? Vida longa pro REM


"A melhor coisa que os Beatles fizeram foi decidir pela separação", disse assim sem meios termos para um amigo. Longe de frase de efeito, é o que acho mesmo. O fim da banda libertou John, Paul, George e Ringo para outros vôos e as maravilhas que eles já haviam gravado, garantiram a vida eterna pro quarteto.

Meu amigo me lembra a frase por e-mail hoje, quando o R.E.M. (banda que ele e eu adoramos e tivemos a felicidade de ver em ação) anuncia o "it´s the end". É minha banda do coração e assim continuará sendo. Michael Stipe, Peter Buck e Mike Mills fizeram de tudo para permanecer juntos por mais tempo possível e com uma banda de carreira exemplar, sempre marcada pela coerência. Disco ruim do R.E.M? Sorry, mas não existe - e conheço todos, sempre ouvidos com atenção e repetidas vezes. Collapse Into Now, o derradeiro, é uma obra-prima, recheado de excelentes canções.

O R.E.M. acabou, vida longa pro R.E.M. Foram 31 anos juntos e pelo prazer de tocar e não pela força do vil metal. É só assistir qualquer gravação de shows dos caras pra perceber isso. it´s the and and i feel fine.... fine.


quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Retrato em preto e branco

Chico, Roberto e Vandré: juntinhos



Encontrei a foto acima dentro de um caderno antigo que abrigava minhas anotações de outros tempos. Recortada de uma revista, bem pequena, mostra Chico Buarque, Roberto Carlos e Geraldo Vandré no auge da juvenília, provavelmente pela primeira e única vez juntos no mesmo retrato, antes que a vida os lançasse a rumos diversos. Quando? Bom, vou usar o mug (o boneco de pano que virou mania e Chico segura na foto) pra tentar situar. Tudo indica que é setembro/outubro de 1966, nos bastidores do 2º Festival da Record que teve empate no primeiro lugar: A Banda (Chico e Nara Leão) e Disparada (de Vandré e Theo de Barros, interpretada por Jair Rodrigues). Roberto, que não ficou entre os finalistas, cantou duas: Anoiteceu e Flor Maior.


Bom, mas isso são detalhes.  O que me pega, o que me interessa na foto é a reunião dos três em começo de carreira e os rumos tão diversos que eles viriam a seguir a partir daí. Os três devem ter se encontrado nos bastidores dos próximos festivais, mas será que tiraram outra foto nesse clima amigável de iniciantes? Eu não lembro de ter visto.




Vale a pena ver Chico e Nara assistindo e comentando a apresentação ao final do vídeo



Aqui, os bastidores do empate na finalíssima

terça-feira, 13 de setembro de 2011

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Do que eu falo quando eu falo de Haruki Murakami

Haruki Murakami em ação

Cena do filme Norwegian Wood
Tenho pouca (quase nenhuma) intimidade com corridas. Nunca foi das minhas atividades preferidas, embora faz um tempo, tenha começado a praticar – e até encontrei o barato da coisa. Mas essa fase passou como veio e sem deixar saudades. Jamais me imaginei lendo um livro sobre corridas, isso até a semana passada quando Do Que Eu Falo Quando Eu Falo de Corrida caiu em minhas mãos. Havia comprado há algum tempo e, em contato com a madeira da prateleira da estante, ele esperava o momento ideal de ser desvirginado. Bom, comprei pelo autor, o japonês Haruki Mukami, que um amigo teve a fineza de me apresentar e de quem devorei (sempre encantado) Minha Querida Sputnik, Norwegian Wood, O Caçador de Carneiros, Dance, Dance, Dance e tem outro me aguardando: Kafka à Beira-Mar. Ah, e quero muito ver Norwegian Wood, filmado pelo vietnamita Ahn Hung Tran, o mesmo do encantador O Cheiro da Papaia Verde.

Haruki Murakami é daquele tipo de escritor pra se apaixonar e flerta deliciosamente com o pop. Apesar do título mais explícito impossível, eu imaginava que Do Que Eu Falo fosse um romance. Estava redondamente enganado. É exatamente o que o nome anuncia: um livro sobre corridas. Só que naquele estilo envolvente, o escritor coloca o processo da escrita e do viver/envelhecer junto com suas passadas nos duros treinamentos (nos ouvidos, Lovin´ Spoonful e uma trilha pop de dar água na boca). Livro de memórias sim, mas narradas de um jeito completamente diverso e contagiante.

Mick Jagger
Quem ousa rir de Mick Jagger? é o nome do primeiro capítulo, em  cima da famosa declaração “prefiro morrer a continuar cantando Satisfaction quando estiver com 45 anos”. Um trechinho: “Algumas pessoas acham isso engraçado, talvez, mas não eu. Quando era novo Mick Jagger não conseguia se imaginar com 45 anos. Quando eu era novo, era igual”. Haruki Murakami tem 63 anos.

E pelas 150 páginas, sem querer catequizar ninguém (muito pelo contrário: "sofrer é opcional", já anuncia o prefácio) para a sua paixão pelas corridas, Murakami vai discorrendo sobre solidão, independência, dor física, seu início como escritor, os sucessos, os desapontamentos. “A coisa mais importante que jamais aprendemos na escola é que é o fato de que coisas importantes não podem ser aprendidas na escola”. Quem há de negar, mas certos livros tem esse dom. Esse é um deles. 


Anotei durante a leitura:

"Não acredito que seja apenas força de vontade que capacite a pessoa a fazer alguma coisa. O mundo não é assim tão simples"



"Às vezes, quando penso na vida, me sinto como um destroço à deriva que foi parar numa praia"


"À medida que envelhece você aprende até mesmo a ser feliz com o que tem. Esta é uma das poucas vantagens de envelhecer"


"Não me importo com que os outros digam - essa é apenas a minha natureza, o modo como sou. Como um escorpião que pica, uma cigarra que se agarra à arvore, um salmão que sobe a correnteza para o lugar onde nasceu, patos selvagens que se acasalam para a vida inteira"


"Só porque tem um fim, não quer dizer que a existência tenha significado"


sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Marcos Plonka: grande cara e grande ator

Marcos Plonka em O Pequeno Mundo de Marcos (1968), filme de Geraldo Vietri

Com Patricia Mayo: Gravata de Bambu
No site, a noticia da morte de Marcos Plonka, na noite de ontem, quinta, 8 de setembro. Ele “sofreu um enfarte fulminante durante o jantar”. Tinha 71 anos. Tive a honra de conhecer Marcos Plonka, homem bonachão, simples, grande ator, muito do bem humorado e com um jeito delicioso de contar suas histórias. Procurei-o para uma entrevista, em outubro de 2005, quando começava a escrever uma biografia de Geraldo Vietri. Plonka era um dos integrantes da “turma do Vietri”, grupo de atores que sempre trabalhavam com o autor e diretor. Ele estreou em 1960, no TV de Comédia, teleteatro dirigido por Vietri, em um episódio chamado A Gravata de Bambu.

Com Ana Rosa: O Pequeno Mundo de Marcos
A entrevista foi em sua casa, perto do aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Plonka era casado com Olívia Camargo e se conheceram nos bastidores da Tupi. Em 1967, eles viviam um casal em Os Adolescentes, novela de Geraldo Vietri. Trinta anos depois, em 1996, 
voltavam a trabalhar juntos em Irmã Catarina, escrita por Vietri. Marcos era um árabe viúvo que dava em cima da personagem de Olívia. Marcos Plonka fez muitas novelas (Antonio Maria, Nino, O Italianinho, A Fábrica, Vitória Bonelli) e filmes (Quatro Brasileiros em Paris, O Pequeno Mundo de Marcos, Os Diabólicos Herdeiros, Senhora).

Com Vietri e Nair Bello: João Brasileiro

Em Março desse ano, Disciplina é Liberdade (Imprensa Oficial), o livro do Vietri ficou pronto. E a noite de autógrafos, na Cinemateca de SP, teve a luxuosa presença de Marcos Plonka e Olívia Camargo. Ele havia saído do hospital fazia uma semana, depois de um mês internado. Estava disposto, animado, querido como sempre. Lembro que fomos fotografados, mas infelizmente nunca vi essas fotos.




Abaixo, alguns trechos de minha entrevista com Marcos Plonka, grande cara.

Comecei fazendo drama, logo vieram novelas que não eram diárias. E com o Vietri, fiz Klauss, o Loiro (1963), estrelada por Henrique Martins. Eu me lembro que fazia um marginal e tinha cenas com Rosamaria Murtinho. Usava um óculos de sol espelhado, e pegava imagens refletidas na lente do óculos. Era um personagem sério, assim como em O Direito de Nascer (1964), onde fiz o pai da primeira namorada do Albertinho Limonta: Dom Mariano Monteiro Navarro e Castelo de La Fuente, levei quinze dias para decorar o nome do desgraçado”

“Os Reis do Iô-Iô-Iô começou num episódio do TV de Comédia e virou um programa gravado ao vivo no auditório da Tupi. No elenco, Tony Ramos, Dennis Carvalho, Ana Rosa, Giancarlo, Annamaria Dias e Elias Gleiser, que fazia um empresário e imitava o Julio Rosemberg, que tinha uma voz bem rouca. Eu escrevia as paródias das músicas, da jovem guarda. “Estou amando loucamente a linda bisavó de um amigo meu/ ela não tem dente..”. Eu gostava de fazer paródia. Eu tinha um cabelo comprido, não lembro do personagem, mas era muito engraçado. Era uma sátira do iê-iê-iê”

“TV de Comédia era focado no que estava em cartaz nos cinemas, no que era sucesso. Ah, agora tá na moda vampiro, pronto Vietri fez Cuidado, o Terceiro Degrau da Escada está quebrado. Eu fazia um mordomo, de rosto muito branco andando, até que chego num sarcófago, pego um estilete de madeira, um martelo, olho para a câmera e dou um grito... “TV de comédia apresenta o horroroso Marcos Plonka, a pavorosa Marisa Sanches em “Cuidado, O Terceiro Degrau da Escada...” Era a história de um ônibus de turistas encalhado num lugar isolado, onde tem um castelo. Depois a moda eram filmes italianos de Maciste. Vietri aprontou Maciste Contra Sansão, Elias Gleiser como Maciste e eu como Sansão e nós fazíamos coisas que o elenco não sabia. Dos spaghetti westerns, teve O Cruzeiro Furado, e eu era o chefe dos índios, o Cacique Touro Sentado. Aprontei e escutava a risada do Vietri pelo fone. Vem umas índias e me dizem “o grande chefe branco está esperando”... Na barraca, peguei uma coisa compridinha daquelas que joga óleo, sei lá porque estava lá, e comecei a usar como se desodorante fosse. Vietri soltava gargalhadas, chorava de rir”

Com Néa Simões e Jacira Silva: Antonio Maria
“Em 1968, quando fiz Antonio Maria, recebi um telefonema noturno do Vietri, o que era normal. Ele me disse que amanhã iria gravar um negócio grande comigo, a história do Corpo de Bombeiros, com datas, locais e detalhes. Me pediu para chegar mais cedo. Às oito da manhã estava nos estúdios, ele me deu um calhamaço, e na sala da família onde estava o Sergio Cardoso, Cabo Honório, meu personagem, contava a história do corpo de bombeiros. E provavelmente essa cena me valeu o título de Bombeiro Honorário.
O título honorário dos bombeiros não existia, fui o primeiro a recebê-lo, no Paraná, num 2 de julho, que era o Dia dos bombeiros. E o casamento do meu personagem foi gravado na Igreja dos bombeiros, numa travessa da Tiradentes, com a presença do comandante do corpo de bombeiros.

Com Lucia Mello: Nino, O Italianinho
Max, o meu personagem em Nino, O Italianho (1969), era engraçado pela forma de falar e pelo jeito que ele agia. Uma cena marcante para todo o elenco foi a de uma festa junina na vila e, quando começaram a jogar fogos, seu Max tinha um acesso de fúria, de desespero. Essa crise pára tudo. As pessoas adoravam ele. Ele ficou sentado nas escadas que davam acesso as casas, junto com o Juca de Oliveira e a Aracy Balabanian, os outros todos foram embora. Ele continua chorando e começa a falar as memórias dos tempos de concentração e da família que ele perdeu. Era uma cena de várias páginas, com cenas de campo de concentração que iam se fundindo com o meu rosto enquanto eu falava as coisas. Lembro como se fosse hoje, Aracy e juca choravam, os câmeras choravam. Fiz a cena de uma vez só. Quando terminou, veio um grande aplauso, os colegas todos, técnicos e atores. Vietri chorava”

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

De brinks com Scott Fitzgerald




Juntar as primeiras fases de livros e ver que fazem sentido assim reunidos é coisa que adoro. Peguei três Scott Fitgerald (com Zelda, aí na foto) na estante e vou testar agora aqui, na ordem que foram lidos.

Em 1913, quando Anthony Patch chegou aos 25, dois anos já se haviam passado desde que a ironia, o Espírito Santo da época, descera, pelo menos teoricamente sobre ele. Na agradável costa da Riviera Francesa, mais ou menos a meio caminho entre Marselha e a fronteira italiana, ergue-se um hotel grande, altaneiro, cor de rosa. Em meus anos mais juvenis e vulneráveis, meu pai me deu um conselho que jamais esqueci:




Leio pela primeira vez as três frases juntas e gosto delas assim. São de, respectivamente Belos e Malditos, Suave é a Noite e O Grande Gatsby. Aqui, junto de mim, os três pedem pra serem devorados outra vez, mas vão ter de esperar outros passarem por meus olhos. Quem disse que é fácil a vida de um livro na estante?







E as últimas frases deles, será que ornam juntinhas? Não resisto.

- Mostrei-lhes. Foi uma dura luta, mas não desisti, e acabei vencendo! Em todo caso, é quase certo ele estar naquela zona, numa cidade, ou noutra. E assim prosseguiremos, botes contra a corrente, impelidos incessantemente para o passado.






Ops, acho que o velho Scott está querendo me dizer algo. Será?

sábado, 27 de agosto de 2011

Banco Safra comete atentado urbano



Paulista com Augusta: a esquina é nobre, praticamente a nova Ipiranga com São João, aquela que Caetano Veloso canta. É quase quintal da minha casa e passo direto no pedaço. Nos últimos dias existe algo atravancando o meu caminho. Explico: o banco Safra resolveu gradear seu portentoso prédio localizado bem ali, pra delimitar bem o espaço onde acaba a propriedade e começa a calçada. Que eu saiba, a sólida instituição não está sendo ameaçada por nenhum ataque (será???) e, então, aquelas grades só tem um significado: afastar o povo.

E que povo é esse? Jovens que ali ficam como se uma praça de interior ali fosse. Numa cidade hostil feito São Paulo (tente encontrar um banco pra sentar na região), a saída é buscar algum espaço vazio para espairecer. Mas os donos do PIB nacional parecem não gostar dessa intimidade, então, dá-lhe grades para deixar bem claro: esse espaço do gradeado pra lá é nosso e só têm acesso a ele aqueles que deixam seus $$$$$$ aos nossos cuidados, gentalha.

Durante o fim de semana todo e nos dias úteis, assim que acaba o horário comercial, surgem as malditas grades pra atravancar caminhos e olhos cansados de feiúra desumanidade urbana. Toda vez que passo em frente ao tal Safra gradeado, sinto ganas de cometer um atentado contra tamanho mau gosto e demonstração gratuita de poder. 

Como é assim que as coisas se espalham, logo logo outro prédio de poderoso começa a ter a mesma idéia. Isso se não começarem a pedir documentos  pra circular pela cidade inóspita que o atual prefeito chama de limpa.

P.S: Do outro lado da rua existe outra propriedade Safra e a estreitíssima calçada vive em reformas deixando espaço para apenas um pedestre transitar. Coincidência??? Pode ser.

domingo, 14 de agosto de 2011

Uma mulher sobre influência

Assim que ouvi Climax, da Marina Lima, fiquei doido por Lex, que tem subtítulo: My Weird Fish. Peraí: Weird Fishes é uma do Radiohead, de In Rainbow, aquele disco que eles colocaram na rede muito antes do lançamento nas lojas? É. A canção homenagem da Marina é um primor de sons e palavras (“queria mesmo morar às margens to teu Alentejo”). E quando o show foi pro Rio, ela incluiu de surpresa Creep, um hino Radiohead (Na estréia em SP ela tocou Beatles – In My Life)


Resolvi lançar radiohead marina lima no Google e achei uma entrevista de dois anos atrás pra Webradiofm http://bit.ly/oA8nci quando Marina apenas pensava no disco novo. “Radiohead é o que há! Sabe que um dos guitarristas já veio algumas vezes ao Brasil e tinha reparado que, volta e meia, há coisas de harmonia que parecem Chico Buarque? Como é que eles conhecem isso? Eles misturam tudo. Usam a eletrônica, acordes do estilo dos ingleses e reinventam muito, acho maravilhoso…”


Também acho Radiohead maravilhoso, talvez a última banda a influenciar geral. Já li músicos tão diferentes, como Vitor Ramil, se revelando ouvinte atento. E o uruguaio Jorge Drexler tem uma versão pra High and Dry que me pega.


Bom, mas eu falava de Radiohead e Marina Lima e ela tem algo em comum com a banda de Thom Yorke: é uma misturadora, reinventadora ousada e faz muito atenta às eletronices. Lex coloca Radiohead lado a lado (e sem a menor estranheza) com os sambas afros de Vinicius de Moraes e Baden Powell.
E sempre foi assim: já houve os tempos de Donald Fagen (Doida de Rachar versão para Maxine) e Stevie Wonder (Pé na Tábua, versão para Ordinary Pain). Nirvana é outro. E não só medalhões: Algo me Pegou é versão para Something´s got me da Lori Carson e Não Estou Bem Certa, de Terence Trent D´Arby, uma fugaz promessa soul. E nem só estrangeiros: ecos daquela sonoridade Elizete Cardoso em várias de suas canções mais harmoniosas.

Na entrevista que citei acima, ela falava de regravar You´re My Thrill, da Billie Holiday, que acabou fora de Climax. Mas Billie Holiday não ficou fora da discografia da cantora: Lady Sings the Blues é destaque do Show Todas (1986). São as revisitações de Marina Lima, sem nada de saudosismo e sempre atenta aos novos tempos. Ueba!






terça-feira, 26 de julho de 2011

Um livro pra quem é doido por livros

Capa da 1ª edição
O futuro do livro como o conhecemos tem sido muito discutido. Muitos apostam no seu fim. Bom, não é sobre isso que quero escrever. Topei na livraria com Um Certo Henrique Bertaso (Companhia das Letras), um Érico Veríssimo que eu nem sabia que existia. E Érico foi uma das paixões da minha adolescência quando praticamente devorei  suas obras completas.

Capa da nova edição
Naquele seu jeito de escrever – direto e cativante – Érico, feito o Woody Allen de Meia Noite em Paris, leva o leitor à lendária Editora Globo, de Porto Alegre, onde ele trabalhou por muitos tempos e lá seus livros foram editados. Bertaso era o editor. O livro foi escrito em abril de 1972, logo após ele finalizar Incidente em Antares e antes que começasse a mergulhar em suas memórias, nos dois volumes de Solo de Clarineta. E funciona como uma introdução à biografia do autor.


A história começa em 1922, quando Bertaso, depois de uma briga familiar, é obrigado a trabalhar na empresa da família. Erico tinha 17, morava no interior e também enfrentava alguns perengues. Oito anos depois, o destino de ambos se cruzava e começa aí, anos 30, a história da editora que de Porto Alegre, longe mais das capitais, tornou-se influente no mercado editorial, a vanguarda brasileira das décadas de 30 e 40. Um Certo Henrique Bertaso é história de homens e livros, de homens apaixonados por livros.


Tá no livro:

Fantoches, o primeiro livro de Erico Verissimo saiu em 1932, com 1.500 exemplares. E vendeu, segundo ele, “uns 400 e poucos”

Sylvia Sidney
A ilustração na capa da primeira edição de Clarissa (7.000 exemplares que levaram cinco anos para se esgotar ) inspirava-se na atriz Sylvia Sidney, “pois era assim que eu imaginava minha heroína, diz o autor

 "Mas ninguém pode conquistar Paris. Paris não é uma cidade e sim um estado de espírito": Mario Quintana para Erico Verissimo quando da ocupação nazista.

Nos anos 30, uma coleção policial da Globo, a Coleção Amarela lançou livros de Edgar Wallace, Agatha Christie, A. C, Bentley, Oppenheimer, Van Dine, Mason, Rinehart, Fletcher, Rohmer, Hammet, Chandler.

Somerset Maugham e Aldous Huxley, entre muitos, foram “descobertas” da Editora Globo. E entre os “foras” está a não publicação de dois best-sellers que estiveram com a editora: E O Vento Levou e O Pequeno Príncipe.


Todos os livros de Erico Verissimo saíram pela Editora Globo. E quando ele assinou o contrato? “Nunca, mas nunca mesmo assinei qualquer contrato com a Globo. E tinha já mais de vinte e quatro livros publicados!. Tudo era feito “no papo”.









Quem quer brincar de boneca? Texto de Vange Leonel

O filme Barbie está por todo lado. E de tanto ouvir falar em boneca, me lembrei de um texto de Vange Leonel sobre elas e fui até grrrls - Ga...