Haruki Murakami em ação |
Cena do filme Norwegian Wood |
Tenho pouca (quase nenhuma) intimidade com corridas. Nunca foi das minhas atividades preferidas, embora faz um tempo, tenha começado a praticar – e até encontrei o barato da coisa. Mas essa fase passou como veio e sem deixar saudades. Jamais me imaginei lendo um livro sobre corridas, isso até a semana passada quando Do Que Eu Falo Quando Eu Falo de Corrida caiu em minhas mãos. Havia comprado há algum tempo e, em contato com a madeira da prateleira da estante, ele esperava o momento ideal de ser desvirginado. Bom, comprei pelo autor, o japonês Haruki Mukami, que um amigo teve a fineza de me apresentar e de quem devorei (sempre encantado) Minha Querida Sputnik, Norwegian Wood, O Caçador de Carneiros, Dance, Dance, Dance e tem outro me aguardando: Kafka à Beira-Mar. Ah, e quero muito ver Norwegian Wood, filmado pelo vietnamita Ahn Hung Tran, o mesmo do encantador O Cheiro da Papaia Verde.
Haruki Murakami é daquele tipo de escritor pra se apaixonar e flerta deliciosamente com o pop. Apesar do título mais explícito impossível, eu imaginava que Do Que Eu Falo fosse um romance. Estava redondamente enganado. É exatamente o que o nome anuncia: um livro sobre corridas. Só que naquele estilo envolvente, o escritor coloca o processo da escrita e do viver/envelhecer junto com suas passadas nos duros treinamentos (nos ouvidos, Lovin´ Spoonful e uma trilha pop de dar água na boca). Livro de memórias sim, mas narradas de um jeito completamente diverso e contagiante.
Mick Jagger |
E pelas 150 páginas, sem querer catequizar ninguém (muito pelo contrário: "sofrer é opcional", já anuncia o prefácio) para a sua paixão pelas corridas, Murakami vai discorrendo sobre solidão, independência, dor física, seu início como escritor, os sucessos, os desapontamentos. “A coisa mais importante que jamais aprendemos na escola é que é o fato de que coisas importantes não podem ser aprendidas na escola”. Quem há de negar, mas certos livros tem esse dom. Esse é um deles.
Anotei durante a leitura:
"Não acredito que seja apenas força de vontade que capacite a pessoa a fazer alguma coisa. O mundo não é assim tão simples"
"Às vezes, quando penso na vida, me sinto como um destroço à deriva que foi parar numa praia"
"À medida que envelhece você aprende até mesmo a ser feliz com o que tem. Esta é uma das poucas vantagens de envelhecer"
"Não me importo com que os outros digam - essa é apenas a minha natureza, o modo como sou. Como um escorpião que pica, uma cigarra que se agarra à arvore, um salmão que sobe a correnteza para o lugar onde nasceu, patos selvagens que se acasalam para a vida inteira"
"Só porque tem um fim, não quer dizer que a existência tenha significado"
Anotei durante a leitura:
"Não acredito que seja apenas força de vontade que capacite a pessoa a fazer alguma coisa. O mundo não é assim tão simples"
"Às vezes, quando penso na vida, me sinto como um destroço à deriva que foi parar numa praia"
"À medida que envelhece você aprende até mesmo a ser feliz com o que tem. Esta é uma das poucas vantagens de envelhecer"
"Não me importo com que os outros digam - essa é apenas a minha natureza, o modo como sou. Como um escorpião que pica, uma cigarra que se agarra à arvore, um salmão que sobe a correnteza para o lugar onde nasceu, patos selvagens que se acasalam para a vida inteira"
"Só porque tem um fim, não quer dizer que a existência tenha significado"
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