Berlin, de Lou Red, deve ser um dos discos mais tristes já gravados – não por acaso encerra com uma canção chamada Sad Song. É de 1973, foi um fracasso de vendas, o tempo o transformou em obra prima e há muito frequenta minha galeria de favoritos. Volta e meia, aquelas canções sobre amor, perda e dor retornam a me inquietar. E quase sempre é como se as ouvisse pela primeira vez. E não é que nessa noite quieta e fria elas estavam à minha espera de um jeito diferente. Ao acaso, assisti na tevê Berlin, um documentário que Julian Schnabel dirigiu a partir de shows que Lou Reed fez em Nova York, em 2006, com as canções do disco.
E o que fez Schnabel? Simplesmente filmou tudo sem a menor afetação e ilustrou aquelas canções maravilhosas com imagens que beiram o onírico. Quem assistiu O Escafândro e a Borboleta sabe que o diretor não é de brincar em serviço. Anjos, a atriz francesa Emanuelle Seigner transformada em Caroline e o melhor: Lou Reed ali, tomado por aquelas canções, exalando sinceridade a cada sílaba. E como atração extra, Anthony nos backings. Bem no finalzinho, Anthony, que é protegido de Lou Reed, solta aquela voz de anjo na clássica Candy Says, e seu corpo parece tremer a cada acorde. É de arrepiar. Ao final, Lou Reed olha pra ele com aquele cara de não tô acreditando (abaixo, o vídeo). Berlin, o filme, é obra-prima. E agora vi que existe em DVD – não descanso enquanto não comprar.

