"De tudo o que se escreve, aprecio somente aquilo que alguém escreve com seu próprio sangue. Aquele que escreve em sangue e máximas não quer ser lido, mas aprendido de cor". É do Nietzsche e tem tudo a ver com um livro que me caiu nas mãos e não me sai da cabeça: O Lado Fatal, da Lya Luft. São poemas que ela escreveu logo após a morte de Helio Pellegrino. Terrivelmente belos, dolorosos, de uma sinceridade estarrecedora. Eis um deles:
O meu amado tinha indagações enormes:
andava de um lado para outro em minha frente:
não se conformava com os conformados, os corruptos,
os medíocres e os vendidos deste mundo.
Não se conformava com a miséria, a dominação, o desvalimento.
Não se conformava também quando não o entendiam.
Passava as mãos pelo cabelo grisalho
e ardia como um jovem de dezoito anos na sua ira:
"Tenho vocação é de terrorista."
(Eu escutava, com medo de que ele saltasse da varanda
levado pelo vendaval de seu furor de justo.)
Depois, ele fechava as portas de vidro sobre a noite quente,
me pegava pela mão, dizia:
"Vamos dormir."
E então era todo mel e ternura.
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
Alegre Menina

Mart’nália grava pela Biscoito Fino, não é fácil encontrar seus CDs e soube que alguém já reclamou disso com Martinho da Vila (rarara), que deve ter adorado. Hoje achei dois CDs da bela e tô aqui fissurado por Madrugada, que tem até música na abertura da novela das sete. E falando em novela, Mart’nália reinava em Paraíso Tropical, volta e meia fazia show no luxuoso bar do Hotel - os dois gays da novela sempre estavam na platéia babando –, cantando a bandeirosa Cabide, que Ana Carolina fez pra ela. Bandeirosa Cabide? Mas qual música naquela voz abençoada não vira bandeirosa? Adoro quando ela canta Alguém me Avisou, sai da letra no verso “sempre fui obediente” pra emendar um rápido “mentira” e voltar com “mas não pude resistir”. E tem a nova e deliciosa Tava por aí, um samba rock que me capturou de cara com versos como esses: “a vida continua nua e crua e muito boa. O vento é o leque da pessoa que andava à toa”.
No CD novo não faltam regravações deliciosas, como Sai Dessa, do repertório de Elis Regina e Alegre Menina, a que revelou Djavan. Essa é Mart’nália uma lufada de vento fresco nas cantoras comportadinhas (queridinhas, ouçam Mart’nália) que poluem a MPB dita moderna. Mart’nália tem a força e audácia do Ney Matogrosso. E viva Mart’nália!!!
Tranquila e simples

Não sei quanto o mundo é bão, mas ele fica melhor quando sei que existe alguém que adora Bom Dia Vietnã porque o personagem do Robin Williams dedica sua vida a alegrar o dia-a-dia de outras pessoas. E se emociona com Dia Branco (Eu te prometo o sol... se o sol sair/ ou a chuva.. se a chuva cair) porque a canção fala de coisas reais, possíveis, nada de falsas ilusões. Tranquila e simples: quero assim e vai ser.
Gracias a eles

R.E.M., Arnaldo Baptista, Murakami, Ney Matogrosso, Vetusta Morla, Paulo José, Wong Kar Wai, Damien Rice, Aline Lacerda, Baulenas, Vitor Ramil, Jorge Drexler, Julieta Venegas, Louis Garrell, Beto Guedes, Kieslowski, Fernanda Takai, Cleyde Yaconis, Vanessa Redgrave, Meryl Streep, Julie Delpy, Hugo Carvana, Woody Allen, Julio Medem, Louise Cardoso, Joana Fomm, Eddie Vedder, Emile Hirsch, Domingos Oliveira, Adriana Calcanhotto, Maria Bethânia, Laís Bodansky, Bruna Lombardi, Pedro Almodóvar, Caetano Veloso, Ingmar Bergman, Heath Ledger, Leandra Leal, Denise Fraga, Wagner Moura, Letícia Sabatella, Dorival Caymmi, Mathieu Almaric, Neil Young, Patti Smith, Clarice Lispector, Miguel Bosé, Penélope Cruz, Patricia Pìllar, Cesaria Évora, Marisa Monte, Walter Salles, Win Wenders, Laurie Anderson, Patricia Pahl, Rafael Barioni, Antoniela Canto, Pâmio, Obama, Audrey Tautou, Alejandro Sanz, Neruda, Cazuza, Nando Reis, Helena Elis, Mart’nália, Chico Buarque e Fele.
Assinar:
Postagens (Atom)
Um perfil escrito por Antônio Maria para celebrar o dia dos 110 anos de Aracy de Almeida
19 de agosto: o dia que seria o dos 110 anos de Aracy de Almeida. E Aracy é uma paixão: as canções, o jeitão, as tiradas, as histórias. Esse...
-
Clarice Lispector e Fauzi Arap em 1965: Perto do Coração Selvagem Nas biografias de Clarice Lispector não existe referência à experiênc...
-
1970 - Um quarteto da pesada na praia, no Rio Carlos Vereza, Renata Sorrah, Dina Sfat, Djenane Machado 1973 - "Ela vem meio pregu...
-
Revista Amiga, setembro 1970 A página da revista Amiga, de setembro de 1970 (ao lado), surgiu dia desses. Pouco tempo depois, alguém...