Um moço que voa a trouxe pra mim numa madrugada dessas. Já a conhecia, até tive o primeiro disco que sumiu sei lá como e sempre me chamou a atenção aquela voz de criança, de criança sapeca, que lembra Elza Soares, mas sem excessos. Tem uma pureza em Mart’nália, um cantar despreocupado, um à vontade na vida sem exatamente se preocupar em estar à vontade, um jeitão de quem faz revolução sem ligar a mínima pra isso. E tô dizendo tudo isso por quê? Ah, porque “ela é minha mais entre as dez mais” e desde aquela madrugada reina debochada aqui em casa. Foi trilha de fim de ano e vai atravessar 2009 juntinho, ah vai.
Mart’nália grava pela Biscoito Fino, não é fácil encontrar seus CDs e soube que alguém já reclamou disso com Martinho da Vila (rarara), que deve ter adorado. Hoje achei dois CDs da bela e tô aqui fissurado por Madrugada, que tem até música na abertura da novela das sete. E falando em novela, Mart’nália reinava em Paraíso Tropical, volta e meia fazia show no luxuoso bar do Hotel - os dois gays da novela sempre estavam na platéia babando –, cantando a bandeirosa Cabide, que Ana Carolina fez pra ela. Bandeirosa Cabide? Mas qual música naquela voz abençoada não vira bandeirosa? Adoro quando ela canta Alguém me Avisou, sai da letra no verso “sempre fui obediente” pra emendar um rápido “mentira” e voltar com “mas não pude resistir”. E tem a nova e deliciosa Tava por aí, um samba rock que me capturou de cara com versos como esses: “a vida continua nua e crua e muito boa. O vento é o leque da pessoa que andava à toa”.
No CD novo não faltam regravações deliciosas, como Sai Dessa, do repertório de Elis Regina e Alegre Menina, a que revelou Djavan. Essa é Mart’nália uma lufada de vento fresco nas cantoras comportadinhas (queridinhas, ouçam Mart’nália) que poluem a MPB dita moderna. Mart’nália tem a força e audácia do Ney Matogrosso. E viva Mart’nália!!!
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
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