"De tudo o que se escreve, aprecio somente aquilo que alguém escreve com seu próprio sangue. Aquele que escreve em sangue e máximas não quer ser lido, mas aprendido de cor". É do Nietzsche e tem tudo a ver com um livro que me caiu nas mãos e não me sai da cabeça: O Lado Fatal, da Lya Luft. São poemas que ela escreveu logo após a morte de Helio Pellegrino. Terrivelmente belos, dolorosos, de uma sinceridade estarrecedora. Eis um deles:
O meu amado tinha indagações enormes:
andava de um lado para outro em minha frente:
não se conformava com os conformados, os corruptos,
os medíocres e os vendidos deste mundo.
Não se conformava com a miséria, a dominação, o desvalimento.
Não se conformava também quando não o entendiam.
Passava as mãos pelo cabelo grisalho
e ardia como um jovem de dezoito anos na sua ira:
"Tenho vocação é de terrorista."
(Eu escutava, com medo de que ele saltasse da varanda
levado pelo vendaval de seu furor de justo.)
Depois, ele fechava as portas de vidro sobre a noite quente,
me pegava pela mão, dizia:
"Vamos dormir."
E então era todo mel e ternura.
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
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