terça-feira, 26 de julho de 2011

Um livro pra quem é doido por livros

Capa da 1ª edição
O futuro do livro como o conhecemos tem sido muito discutido. Muitos apostam no seu fim. Bom, não é sobre isso que quero escrever. Topei na livraria com Um Certo Henrique Bertaso (Companhia das Letras), um Érico Veríssimo que eu nem sabia que existia. E Érico foi uma das paixões da minha adolescência quando praticamente devorei  suas obras completas.

Capa da nova edição
Naquele seu jeito de escrever – direto e cativante – Érico, feito o Woody Allen de Meia Noite em Paris, leva o leitor à lendária Editora Globo, de Porto Alegre, onde ele trabalhou por muitos tempos e lá seus livros foram editados. Bertaso era o editor. O livro foi escrito em abril de 1972, logo após ele finalizar Incidente em Antares e antes que começasse a mergulhar em suas memórias, nos dois volumes de Solo de Clarineta. E funciona como uma introdução à biografia do autor.


A história começa em 1922, quando Bertaso, depois de uma briga familiar, é obrigado a trabalhar na empresa da família. Erico tinha 17, morava no interior e também enfrentava alguns perengues. Oito anos depois, o destino de ambos se cruzava e começa aí, anos 30, a história da editora que de Porto Alegre, longe mais das capitais, tornou-se influente no mercado editorial, a vanguarda brasileira das décadas de 30 e 40. Um Certo Henrique Bertaso é história de homens e livros, de homens apaixonados por livros.


Tá no livro:

Fantoches, o primeiro livro de Erico Verissimo saiu em 1932, com 1.500 exemplares. E vendeu, segundo ele, “uns 400 e poucos”

Sylvia Sidney
A ilustração na capa da primeira edição de Clarissa (7.000 exemplares que levaram cinco anos para se esgotar ) inspirava-se na atriz Sylvia Sidney, “pois era assim que eu imaginava minha heroína, diz o autor

 "Mas ninguém pode conquistar Paris. Paris não é uma cidade e sim um estado de espírito": Mario Quintana para Erico Verissimo quando da ocupação nazista.

Nos anos 30, uma coleção policial da Globo, a Coleção Amarela lançou livros de Edgar Wallace, Agatha Christie, A. C, Bentley, Oppenheimer, Van Dine, Mason, Rinehart, Fletcher, Rohmer, Hammet, Chandler.

Somerset Maugham e Aldous Huxley, entre muitos, foram “descobertas” da Editora Globo. E entre os “foras” está a não publicação de dois best-sellers que estiveram com a editora: E O Vento Levou e O Pequeno Príncipe.


Todos os livros de Erico Verissimo saíram pela Editora Globo. E quando ele assinou o contrato? “Nunca, mas nunca mesmo assinei qualquer contrato com a Globo. E tinha já mais de vinte e quatro livros publicados!. Tudo era feito “no papo”.









Um comentário:

Versos-Avessos disse...

Que maravilha isso!! Ótimo texto, Vilmar!!

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