Ele tem sete anos e está no quarto da avó que agoniza. De repente, ela abre um sorriso imenso e pede que ele chame sua mãe. Na presença do neto e da filha, sempre com um sorriso imenso no rosto, ela dá o último suspiro. O menino sente a parede puxá-lo, sente um desamparo tão grande que nunca vai conseguir explicar.
No dia seguinte ao enterro, ele brinca sozinho em seu quarto quando a avó aparece e diz que está ali para levá-lo. Ela está toda vestida de branco e tem uma aparência tranqüila. Ele diz que ainda é cedo. Ela diz que sabe disso, mas que se ele viesse com ela se preservaria de uma verdadeira via-crucis. “Vó, eu quero viver tudo”.
Depois de beijá-lo ternamente e muito devagar nas duas faces, ela desapareceu. E ele voltou a brincar. Homem feito, nunca esquece desse encontro e sua avó não exagerou ao falar na via-crucis, mas ele continua querendo viver tudo.
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
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2 comentários:
Amei, simplesmente lindo.
Lembre-se "vamos viver uma coisa de cada vez"
Que lindo!
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