sexta-feira, 11 de março de 2011

Baú Calcanhotto

Gosto dessa coisa randômica da vida – os encontros, os desencontros, os novos encontros.

Hoje, Adriana Calcanhotto postou no seu blog www.adrianacalcanhotto.com.br a primeira do disco novo – O Micróbio do Samba, que sai dia 21 agora.

~~ te fiz uns sambas, neguinho, te dei carinho/ despi as suas fantasias devagarinho/ da sua onipotência tratei com jeitinho/ e das chegadas de madrugada no sapatinho ~~
Tá na Minha Hora, é samba sambeiro, a cara dela que, com firmeza e ousadia, construiu uma das carreiras mais interessantes da música brasileira. Bom, nem é da música que quero falar, e sim de Adriana, do meu baú Calcanhotto.

Em 1986, a entrevistei para uma matéria com as novas cantoras de Porto Alegre pro jornal da faculdade. Era inverno, lembro bem, e a entrevista foi à tarde, na casa dela, bairro Petrópolis. Adriana abria a matéria, com firmeza e abraçando a minha tese de estudante da PUC. Veja só:
“São dezesseis mulheres cantando, não há como negar que existe um movimento. Numa terra onde os machos sempre tiveram a cultura na mão, é uma coisa que não dá para camuflar”, enfatiza a cantora e compositora Adriana Calcanhotto. Ela vem fazendo shows com Luciana Costa em bares onde iniciou sua carreira. Adriana diz que gosta de cantar nesses locais, mas observa que o público é difícil – “é preciso chamar a atenção, nem que seja no volume”.

Passa o tempo: Começo de 90. Eu já morando em São Paulo e Adriana no Rio vem fazer show na cidade, no Ópera Room (adoro esses nomes que ficaram no tempo). Ainda estava gravando o primeiro disco que ainda não tinha título ("provavelmente Enguiço, pelo trabalho que tá dando"), mas “estourou no Rio e a partir daí passou a ser muito falada, “mais falada que ouvida”, afirma sem modéstia”: está na entrevista que fiz para o Jornal da Tarde.

E tem uma declaração completamente a ver com os caminhos que seguiria: “Sucesso é uma palavra desgastada e mal empregada. De repente ficou uma coisa tão fácil de fabricar. É claro que ninguém faz disco para não vender. No entanto, se meu disco agradar a todos, menos a mim, me sentirei fracassada”.

Houve outras entrevistas e um autógrafo na capa do CD Senhas, mas são essas, as primeiras, que mais lembro.

~~não chora, neguinho, não chora/ tá na minha hora, tá na minha hora ~~

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