quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Caetano e Marighela: tempo tempo tempo

O abraço virou abraçaço numa diferença de 43 anos entre o disco novo de Caetano Veloso e uma velha capa de Fatos e Fotos (foto acima). Quem junta tudo é Marighela, homenageado por Caetano na canção Um Comunista. Na capa da tal revista, Caetano e Gilberto Gil em Londres e a chamada “Aquele Abraço”, referência, claro, à canção de Gil. Em cima, uma foto pequena de um homem morto e em letras garrafais: “Marighela: A Morte do Terrorista”. Data da edição: 30 de novembro de 1969.

 A matéria sobre Caetano e Gil, escrita por eles em primeira pessoa, tem seis páginas e muitas fotos coloridas London london. E a seguinte abertura: “Depois de três meses fora do Brasil, Caetano Veloso e Gilberto Gil escrevem da Inglaterra, especialmente para Fatos e Fotos, contando que Londres “continua sendo”. Já alugaram uma casa de três andares em Chelsea, a apenas dois quarteirões de King´s Road, a rua onde os hippies se misturam aos turistas. Os dois estão aprendendo inglês – Caetano em curso normal e Gil pelo processo audiovisual – dormindo cedo e trabalhando muito, já tendo prontas muitas músicas novas. Mas não vão lançar nada agora e, a todos os convites de gravação, respondem com a mesma frase: “Obrigado, mas só mais tarde”. Explicam: “Quando sair, o disco tem que ser da pesada”. Nenhuma referência à exílio, bem no espírito negror daqueles tempos.
A Última Batalha do Terror, a reportagem da morte de Marighela também tem seis páginas e abre com uma página dupla espalhada dele morto no banco do carro e a seguinte abertura: “Caído no banco traseiro de um Volkwagen, a peruca cinza ao lado, o corpo crivado de balas e ensanguentado: Assim, Carlos Marighela, o líder terrorista de 58 anos, chegou ao fim de sua carreira; surpreendido em uma emboscada pela polícia paulista. A morte de Marighela, exatamente dois meses após o sequestro do embaixador Elbrick, será também a morte do terror?”


"O baiano morreu
Eu estava no exílio
E mandei um recado
que eu que tinha morrido
e que ele estava vivo/ Mas ninguém entendia...”
É um trecho de Um Comunista, a canção de Caetano em homenagem a Marighela, 43 depois da morte dele.




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