sexta-feira, 19 de setembro de 2008

As Princesinhas do décimo andar


Foram chegando de mansinho àquele apartamento pequeno e cheio de coisas. Verdes, todas verdes e das mais diferentes tonalidades. Todo dia, logo após acordar era para elas que ele lançava o primeiro e sonolento olhar elas pareciam felizes em vê-lo. Abria a janela e deixava que o ar da manhã as alimentasse. Sentindo-se cuidadas, reagiam felizes e exultavam no parapeito da janela. Pareciam dizer para quem as olhasse tão esbeltas: “Somos as princesinhas do décimo andar”.

Antes que ele saísse para trabalhar, eram retiradas do parapeito, uma por uma e chamadas pelo nome. Às vezes, quando ele acordava de bem com o mundo, até ganhavam beijinhos. Fu, a mais velha, preferia o abrigo das grossas listas telefônicas ocultas atrás de um móvel pequeno onde o aparelho de som reinava. Ela fazia vistas grossas às dezenas de fios por ali espalhados e desconfio que pensava que eram trepadeiras em preto e vermelho. Do, escolheu o cantinho do tapete, a poucos centimetros de Fu, regorgeava ao encontro da luz do sol. Sá, por um desses caprichos do destino, só ficava calminha quando instalada ao lado da jibóia, uma trepadeira gigante que insistia em se apoderar daquela saleta. E Li, a mais novinha, não teve dificuldades em encontrar seu recanto. Embora caçula, era a única com frutos em seu ventre. Orgulhosa da prole, insistia para ficar no meio das outras. As quatro formavam um belo triângulo naquele cantinho de sala ao lado da janela que as reconfortava com luz, muita luz.

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